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Sem opção, clubes mantêm salários altos

Por
Manoel Façanha

O script é conhecido. O jogador faz meia dúzia de ótimas partidas e já pede aumento antes mesmo da renovação. O clube, na mão do empresário do atleta, aceita para não perdê-lo.


Outro script vem por meio de contratação. O jogador chega como salvador da pátria, paga-se uma fortuna mensal de salário e espera-se resultado em poucos dias.


Esse filme é recorrente no futebol brasileiro. Nos dois casos, muitas vezes o atleta cai de produção em alguns meses. Mas os gastos continuam elevadíssimos durante a temporada e, às vezes, por anos a fio sem retorno do investimento.


O erro aqui é de não vincular boa parte do alto salário do jogador à produtividade. Esse problema, vale dizer, é global. Ainda relaciona-se pouco no meio, do jeito que deveria ser, desempenho e dinheiro na conta.


O fato é que o modelo de relação do jogador de futebol com os clubes mudou muito. Hoje, a passagem de atletas nos times tornou-se mais incerta e insegura, e os salários explodiram para se garantir o vínculo – leilões e interferências promovidos no mercado por agentes de jogadores fomentam essa instabilidade e valorização além da realidade.


Em outro vertente, percebe-se que jogadores de futebol estão hoje muito mais inconstantes. Não se vê tanta regularidade como no passado. Talvez a vida moderna, com excesso de exposição e muitas oportunidades para quem possui fama e bastante dinheiro na mão, tenha influenciado na capacidade do boleiro manter-se sempre com alta performance.


Isso tudo resulta em jogadores atuando em clubes pagando vexames recorrentes. O cara não sai do time por causa do salário e fica tudo desse jeito.


O técnico, por seu lado, espera sempre que um dia isso possa mudar, com o sujeito decidindo uma partida e justificando seu salário. Alguns até conseguem se safar dessa maneira. Mas uma parte expressiva, no conjunto final de suas atuações, é uma pedra no sapato do clube.


Aí o tempo vai passando, vai passando, sempre na esperança de melhorar, mas a realidade navega ao contrário – como é o caso do Gum, no Fluminense, há anos no tricolor e muito criticado. O detalhe é que o Santos tentou contratá-lo nesse início do ano, mas o alto salário dificultou o acerto.


O clube de futebol na verdade é uma mãe, cheio de tetas. É difícil acreditar que só uma esteja ocupada – nesse caso, pelo jogador. Alguns intrusos devem se deleitar nas outras tetas para manter essa bola de neve rodando destruindo o próprio clube.


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Manoel Façanha

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