O trabalhador rural Francisco Alves Pereira, de 51 anos, que tinha câncer e estava internado na Enfermaria A do Hospital das Clínicas (HC) de Rio Branco, não conseguiu resistir aos sintomas da doença e acabou morrendo no início da semana. Ele foi perfurado por cinco vezes durante um procedimento de punção e teve hemorragia durante toda a noite.
Foi a esposa do paciente, a produtora rural Maria Paixão Pereira, de 52 anos, quem na semana passada denunciou ao portal o que ela classificava como exemplo de “descaso” e “negligência médica”, promovida pelas equipes médica e de enfermagem do HC.
Maria contou ao ac24horas, com exclusividade, que pela madrugada pediu apoio da equipe de enfermagem para que vissem o que estava acontecendo com o esposo dela, mas recebeu uma resposta que nunca pensou escutar: “Não temos nem gaze para fazer os curativos. Se é isso que a senhora quer, tem que ir lá no Tião Viana para ele mandar matéria de curativo, porque aqui não tem nada disso. Tá faltando tudo!”.
O fato é que o homem morreu e a justificativa, segundo a Direção de Assistência do hospital, é que Francisco “apresentava-se bastante debilitado, com neoplasia e sinais de encefalopatia, devido à icterícia, e destacou, também, que o paciente já apresentava, ao dar entrada na unidade, líquido na barriga, “que devido à distensão abdominal foi indicado a paracentese de alívio”, que são os “furos na barriga”, um procedimento comum nesses casos.
Sobre os hematomas mostrados nas imagens, a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), explicou que são consequência procedimento regular a que Francisco fora submetido. Ele estaria, ainda, com o quadro de câncer em situação bastante avançada, o que teria acelerado a morte do trabalhador rural. Para o órgão, “a morte atribui-se à falência de múltiplos órgãos”, descartando que a punção tenha sido a causa da morte.
“Meu marido morreu amarrado, sem condições de lutar. Ele morreu foi como um animal. Foi assim que eu vi a morte dele. Eu percebi que tudo estava ficando roxo, e que aquilo estava se espalhando. Eu não concordo que aquilo seja normal. Eu falava para ele que não era. A única sensação que fica é que houve um total descaso com o meu marido. Eu alardeei, e eles nem ligaram pela madrugada. Mesmo que ele fosse portador da hepatite, e da cirrose, ele deveria ter uma morte digna”, lamenta a esposa.
Maria faz um apelo para que o governador Sebastião Viana tenha mais atenção com a saúde pública. “Meu esposo é quem foi maltratado, mas amanhã pode ser outro. Que o governador passe a ter mais vigilância, que ele seja mais atencioso. Isso é tudo na nossa vida. A saúde é essencial. A médica que estava de plantão não ligou. O médico que fez os procedimentos também não ligou: só fez o procedimento e saiu”, completa.
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