O bicampeonato mundial da seleção brasileira, em 1962, foi comemorado com entusiasmo pelo menino Illimani Lima Suares nas ruas de Brasiléia, sua cidade natal. Ele, que havia nascido em 7 e dezembro de 1951, estava com 11 anos e muito provavelmente por conta da referida conquista tenha decidido naquele momento que o futebol ocuparia uma parte importante da sua vida. Não dito, mas pensado e feito!
No começo ele achava que o melhor para um jogador era atuar no ataque. Assim, arriscou os primeiros chutes como centroavante num time que levava o nome da própria cidade. Cedo, porém, ele percebeu que não levava muito jeito para ser artilheiro e, dessa forma, passou a jogar de zagueiro. Nova posição, nova decepção. Daí, então, ele recuou mais um pouco e encontrou a sua verdadeira vocação: goleiro!
Em 1966, quando passou um tempo estudando em Belo Horizonte, chegou a treinar entre os juvenis do Atlético Mineiro. Quando tudo se encaminhava para ficar no Galo teve que voltar para o Acre. No ano seguinte já estava no juvenil do Andirá, depois de ser recusado para fazer testes no Juventus. O técnico Zé Américo o recebeu de braços abertos. Mas o seu futebol era muito grande para o pequenino Morcego.
Bastou uma temporada no Andirá para surgir o convite, feito pelo técnico Tião Lustosa, para mudar de ares e vestir a camisa do Independência. A essa altura o Juventus já havia se arrependido de tê-lo rejeitado e queria que ele fosse para o Ninho da Águia. Aí quem não quis mais foi Illimani. “Optei pelo Independência e dois anos depois, em 1970, já fui convocado para o gol do time principal”, explicou Illimani.
Estreia no Tricolor e mudança para o Estrelão
Na temporada de 1970, o Independência contava com quatro goleiros: Paturi, Sapateiro, Agrícola e Pional. Mesmo assim, Illimani foi convocado para concentrar na véspera da final do primeiro turno, que seria contra o Juventus. Na hora da escalação da equipe, o técnico Alício Santos, com o aval dos craques do time (Jangito, Palheta, Flávio e Aldemir Lopes), resolveu dar a camisa um para o garoto.
“O Juventus tinha um ataque da pesada, muito bom mesmo: Nemetala, Nego e Elísio. E ainda fez um a zero na gente. Mas não deu nem tempo de sentir nada. O Jangito chegou pra mim e disse que ninguém pegava aquela cabeçada que mandou a bola para as redes. Quando eu fiz a primeira defesa, ele foi junto de mim e fez um elogio. Foi o suficiente. Fechei o gol e nós ganhamos por 3 a 1”, garantiu Illimani.
Illimani ficou no Independência até 1972. No ano seguinte foi contratado para jogar no Rio Branco pelo dirigente Edmir Gadelha. “Eu estava em casa quando chegou o Chico Tarzan, assessor do Edmir, dizendo que ele queria falar comigo. Quando cheguei lá, ele disse que me queria no Rio Branco e que eu podia pedir o que quisesse. Pedi um carro, um emprego e um salário. E ele topou”, contou o ex-goleiro.
Depois disso, Illimani só saiu do Rio Branco por um semestre, em 1978, emprestado ao amazonense Nacional. À exceção desse brevíssimo hiato, o goleiro defendeu o Estrelão de 1973 a 1982. Um período repleto de títulos estaduais (1973, 1977 e 1979), interestaduais (Copão da Amazônia de 1976 e 1979) e até internacionais, em competições disputadas nos vizinhos países da Bolívia e do Peru.
A experiência como técnico e dirigente
Desde muito cedo, Illimani se interessou pelo trabalho nas divisões de base. Tanto que já no segundo semestre de 1978, depois de voltar da experiência no Nacional, de Manaus, ele começou a treinar a equipe de infantis do Rio Branco. De lá pra cá, ele nunca mais parou, trabalhando, inclusive, em alguns períodos, no Juventus e no Vasco da Gama. Um tempo de estrada que lhe rendeu inúmeros títulos e alegrias.
“As alegrias não vem apenas em forma de títulos. É claro que vencer nos enche de prazer. Mas é muito bom também contribuir para formar cidadãos, bem como ver um garoto que você ajudou a dar os primeiros passos no futebol crescer e aparecer. Vários meninos que começaram comigo se tornaram bons profissionais do futebol. Caso, citando apenas um, do Weverton, hoje no Atlético Paranaense”, disse Illimani.
A experiência como treinador, no entanto, não se restringiu às divisões de base. Illimani já treinou várias equipes profissionais do futebol acreano. Entre elas, o Juventus, o Vasco da Gama (em 2013, quando levou o time de volta à primeira divisão) e o próprio Rio Branco (campeão em 2000). “Fiz trabalhos vencedores com os profissionais, mas o que eu gosto mesmo é de treinar a base”, afirmou Illimani.
Fora tudo isso, como se não fosse suficiente esse desempenho, Illimani ainda teve tempo para ser dirigente em várias oportunidades. Sempre no Rio Branco. Começou ocupando o cargo de diretor de futebol, depois vice-presidente e, por último, presidente (biênio 2014/2015). Se ele pensa em parar? Ele diz que jamais. Só não sabe bem o que fará no futuro, mas que vai continuar atuando, isso é garantido!
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