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Liga abre balcão de negócios em seu primeiro ato

Por
Manoel Façanha

O primeiro torneio da Liga Sul-Minas-Rio, reunindo grandes clubes do futebol brasileiro dessas regiões, vendeu por aproximadamente R$ 5 milhões os direitos de transmissão à Globo – valor líquido a ser rateado entre os times envolvidos.


A emissora ainda pagará as despesas dos jogos dos visitantes (transporte e hospedagem) – se é que a emissora não fará permuta com cias aéreas e hotéis, oferecendo inserções publicitárias em troca de apoio para cumprir o acordo.


A chamada Primeira Liga pretendia vender os direitos de transmissão da competição por vinte vezes mais, que terá apenas cinco rodadas e acontece entre os meses de janeiro e março.


No entanto, com a possibilidade do projeto fracassar, optou-se pelo valor oferecido pela Globo – informou-se que a proposta da Esporte Interativo, concorrente da Globo nos direitos exclusivos de transmissão do torneio, ofereceu valor menor (a oferta causou estranheza pois a Esporte Interativo, pertencente ao grupo de mídia norte-americano Turner, trabalha para tirar o Campeonato Brasileiro da Globo com cifras consideradas elevadas).


Em um primeiro momento, o fato da Primeira Liga não dar bola à CBF e aos campeonatos estaduais promovidos pelas federações, e organizar sua própria competição, foi um passo e tanto – aproveitando a fragilidade vivida pela CBF, desmoralizada pelo grau de corrupção de seus dirigentes.


Mas o grupo foi aos poucos aderindo ao modelo balcão de negócios praticado há anos pela própria CBF. Dane-se o torcedor, estádios cheios, fidelização de fãs etc.


O negócio é exposição na TV, do jeito que ela desejar (algumas partidas serão à noite no meio de semana, naquele tradicional horário ingrato), e recebimento de mais algum troco com patrocínio de placas de publicidade nos estádios – sistema dependente da televisão para gerar retorno ao anunciante.


O que isso significa de mudança nos modus operandi do futebol brasileiro? Nada. O tripé do futebol continua capenga.


A televisão dá as ordens, e o faturamento via licenciamento de produtos e público nas arenas continua em segundo plano – ao contrário de países europeus líderes no esporte, onde essa trinca (direitos de TV, arrecadação de bilheteria e licenciamento) é bem equilibrada para manutenção dos clubes.


Pode ser que Internacional, Grêmio, Atlético-MG, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, dentro outros clubes que compõem a Primeira Liga, amadureçam as propostas com o tempo e pratiquem algo diferente do que vem fazendo a CBF.


Mas esperava-se atuação mais original da Liga no seu primeiro torneio.


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Manoel Façanha

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