O brasileiro teve apenas 7,86% de votos, contra 41,33% do argentino Messi, o vencedor da premiação da FIFA de melhor jogador de 2015, e 27,76% do português Cristiano Ronaldo, o segundo lugar.
Pode ser que Neymar merecesse mais pontos na Bola de Ouro, aparecendo na frente de CR7, como ele mesmo (Neymar) acabou declarando depois ser o justo, sem modéstia – mas o resultado real indica o quão o craque brasileiro ainda terá de caminhar para se tornar uma unanimidade internacional.
A baixa votação na estreia de Neymar na premiação denota em primeiro lugar a supervalorização do jogador no Brasil, com esforço apaixonado e ufanista da mídia esportiva.
O fato de Neymar ser uma das poucas estrelas do futebol brasileiro em atividade impulsiona uma idolatria ao jogador desproporcional. A geração do craque é uma das piores já surgidas no Brasil, revelando claramente uma decadência do esporte no País que não se sabe se será estancada tão breve.
Segundo ponto: observando atentamente os votantes (jornalistas, técnicos e jogadores) em Neymar à Bola de Ouro, verifica-se que a maioria é de origem de países inexpressivos no futebol e longe da Europa. Soa curioso, portanto, no continente em que joga – e o principal centro do esporte no mundo – não ter tido melhor desempenho.
Na Europa ele não é, a todo momento, exaltado como no Brasil. Há ressalvas – Neymar continua sendo chamado de “cai-cai” por onde passa, mesmo tendo melhorado nesse quesito desde de sua chegada no Barcelona (2013); no entanto, ainda está com o carimbo de “piscinero”.
Recebeu críticas do diário espanhol El País por indícios de sonegação fiscal que lhe ofereceu a porta de saída da Espanha caso não se adequasse às regras do país. Por aqui, alguns podem fazer pouco caso à publicação, mas ressalta-se que o assunto foi tratado em editorial (fato raríssimo no meio esportivo), seção nobre de um dos principais jornais da Europa e onde sua opinião tem peso de ouro – não compare com a partidária imprensa brasileira, por favor.
A imprensa europeia, que acompanha muito mais de perto o time do Barcelona do que qualquer outro continente, costuma dar (não sem razão) ao uruguaio Suárez, companheiro de equipe de Neymar, importância igual (ou às vezes até maior) à estrela brasileira no time catalão.
O Iniesta também, considerado o cérebro do time e peça importante ao sucesso do trio Messi, Neymar e Suárez – o espanhol é muitas vezes ignorado no Brasil.
Faria bem a Neymar deixar um pouco o marketing de lado, sempre muito piegas, que vai do proselitismo religioso a posar ao lado de subcelebridades, além de posicionamentos nem sempre felizes – disse não ter ouvido xingamentos racistas contra ele em partida recente do Campeonato Espanhol, quando não foi o que aconteceu, revelando incapacidade de se equilibrar em temas espinhosos do dia a dia do cidadão comum.
Neymar ainda deve provar sua relevância inconteste na seleção brasileira. Ainda que não se tenha um belo esquadrão ao seu lado, como teria por certo no passado, que ele seja altivo todas as vezes que entrar em campo com a camisa amarela.
O troféu Bola de Ouro chegará um dia às mãos de Neymar. Na ultima edição, ele ficou entre os três finalistas. Conquista já importantíssima. Mas para quem é bombardeado diuturnamente no Brasil com exaltações ao jogador, há de convir que a votação final ao craque brasileiro foi pífia.
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