Fundado em 1962, pelo paraense Wilson Paula da Pena, o Esporte Clube Fronteira é o maior ganhador de títulos do futebol de Plácido de Castro, município acreano situado a 90 quilômetros da capital Rio Branco. Ninguém na cidade sabe dizer ao certo quantos são os triunfos. Não existe registro escrito algum no que diz respeito a isso. Mas a voz corrente é a de que nenhum outro time venceu tantas vezes.
Wilson Paula da Pena, o homem que levou à frente a iniciativa de fundação do time alvirrubro de Plácido de Castro, era um paraense de Belém apaixonado por futebol, que defendeu as cores do Paysandu na década de 1930. Ao migrar com a família para o interior do Acre, para tomar conta de um seringal, não deixou a paixão para trás. E assim, tão logo pode se mudar para a cidade, tratou logo de criar o time.
Falecido aos 92 anos, em 2009, Wilson Pena deixou a cargo dos seus descendentes manterem acesa a chama da sua paixão. “Infelizmente”, no dizer do neto Vanilson, “hoje as coisas estão muito difíceis, com o preço do material esportivo caríssimo, e nós paramos momentaneamente com o futebol do Fronteira. Mas registre aí que fomos campeões do último torneio que disputamos, em 2013, no Quinari”.
O Fronteira pelos seus personagens
O ex-zagueiro Lalu chega a encher os olhos de lágrimas ao lembrar do pai Wilson. De acordo com ele, “as duas coisas mais importantes para ele [Wilson] era a família e o Fronteira. Ele nos ensinou a amar tanto o nosso time. E jamais deixou que nós jogássemos por qualquer outro time local. No nosso tempo, jogar pelo Fronteira era obrigação. E a vitória era questão de honra. A gente tinha que dar o sangue”.
O ex-atacante Dedé, cujo apelido na cidade nos seus tempos de bola era “Pelé branco”, além de também exaltar a memória do pai, gosta de falar das suas proezas dentro do campo de jogo. “Eu nunca me preocupei em contar os meus gols. Mas foram centenas, talvez até mais de mil. E o único zagueiro que me dava trabalho se chamava Ferreti. Quando a gente se encontrava, dava uma boa briga”, disse divertido.
O ex-atacante Vanilson, que chegou a ser profissional em clubes de Rio Branco (Juventus, Vasco da Gama, Atlético Acreano, Independência e Rio Branco) e do Amazonas (Rio Negro), disse que o avô Wilson só levava para atuar no Fronteira os melhores jogadores da cidade. “O vovô ficava de olho nos meninos bons de bola e só queria os melhores no nosso time. Ele reunia sempre verdadeiras seleções”, afirmou.
Para o ex-goleiro Juca, que disputou campeonatos estaduais pelos juvenis do Atlético Acreano e pelo time principal do Amapá, a sua maior escola foi o time interiorano. “O Fronteira primava pela organização. Apesar de ser um time amador, tinha organização de clube profissional. O senhor Wilson Pena era o patrono do futebol de Plácido de Castro e o Fronteira era uma grande referência”, garantiu Juca.
Celeiro de craques
Das fileiras do Fronteira saíram inúmeros jogadores para os times da capital acreana e até de outros estados, isso tanto na época do amadorismo quanto na era profissional. Vanilson, ele mesmo um exemplo dessa migração, explicou o fato dizendo que o seu avô, além de escolher sempre os melhores para compor a equipe, também tratava de fazer com que os garotos “não se desviassem dos seus objetivos”.
Quatro desses atletas que foram levados para jogar em times da capital, no tempo do amadorismo, são lembrados por Vanilson. Os irmãos Juca (goleiro do Amapá) e Tonho (lateral do Rio Branco, do Independência, do Amapá e do Juventus), ambos nas décadas de 1970 e 1980; Dedé (atacante do Andirá), no final da década de 1970; e Nilson (ponta direita do Vasco e do Juventus), nas décadas de 1960 e 1970.
Na era do futebol profissional, iniciada em 1989, são inúmeros os atletas que passaram pelo Fronteira e que um dia resolveram alçar voos mais altos. São os casos, por exemplo de Renan (filho do ex-goleiro Juca), que disputou o último campeonato pelo Plácido de Castro; Rogério, que já andou até pelo futebol do Mato Grosso; Robson, que já atuou no futebol amazonense; e Zico, que já rodou por vários times.
Para finalizar, não seria possível acabar a matéria sem fazer uma pergunta crucial. O Fronteira morreu ou ainda pretende voltar aos campos? Quem responde é Vanilson. “O Fronteira não morrerá jamais. O Fronteira é uma ideia que nasceu da paixão do meu avô Wilson. Nós temos a obrigação de manter o Fronteira vivo. Nós vamos voltar aos campos sim. Logo que as coisas melhorarem, a gente vai voltar”.
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