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A profundidade está na superfície

Por
Manoel Façanha

Por um desses caprichos do destino, os dois representantes do Acre na Copa do Brasil de 2016 não receberão visitantes de outros estados no confronto inicial. Como tudo na vida, a situação enseja prós e contras.


Um sorteio na sede da CBF fez com que, logo de cara, Rio Branco e Galvez cruzassem os respectivos bigodes. O Estrelão, todo mundo sabe, já é experiente nessa competição. O Galvez, por seu lado, faz a sua estreia.


O maior dos senões, imagino, diz respeito à expectativa dos torcedores acreanos, que perdem a oportunidade de ver duas equipes de fora do Estado jogando na Arena da Floresta nos primeiros meses do ano.


Dois representantes, dois adversários. Dois times de outras paragens medindo forças. Todos roendo as unhas pelos times da casa. Ao contrário da situação que se configurou, quando a certeza é de apenas um visitante.


Equipes de outras regiões, principalmente do Sul e do Sudeste, se constituem sempre em grandes atrações. Tanto que até os treinamentos dessas equipes, realizados no Florestão, costumam ser muito concorridos.


“Por outro lado” (expressão que, não custa repetir, lembra as escaramuças de alcova entre o imperador Napoleão Bonaparte e sua Josefina), existem os “prós” nessa relação de causa, efeito e consequência.


O maior desses prós, igualmente imagino, diz respeito à garantia de que um dos times do Acre vai passar para a segunda fase do torneio nacional. Passar de fase e, naturalmente, levar uma grana boa para o cofre.


Com uma grana boa já nos primeiros meses do ano, aí dá para manter as finanças em dia e ainda trazer uns reforços dignos desse nome para tocar o restante da temporada num nível alguns furos acima dos demais times.


Não vai dar ainda, é claro, com essa grana que vai entrar para o time acreano que for para a segunda fase da Copa do Brasil, para competir com o mercado chinês. Mas que dá um alívio legal, isso não se pode negar.


Quem sobreviver após o duelo inicial pega ninguém menos do que o glorioso Santos, da Vila Belmiro. A não ser no caso de uma zebra federal, quando aí o adversário seria o Santos genérico, da terra do manganês.


Do ponto de vista técnico, dando o Santos paulista, aí o sobrevivente acreano não tem mais nada a perder. Vira franco atirador. Joga a vida para fazer a partida da volta. Fazer a partida da volta é o sonho dos pequenos.


É isso, meus caríssimos leitores. A decisão para os times acreanos é o primeiro confronto. Ganha o campeonato quem passar de fase. Tudo o mais é lucro. Como diria Paulo Leminski, “a profundidade está na superfície”.


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Manoel Façanha

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