*Luiz Calixto
O que mais desencanta na politica é a desinformação e, o mais grave, aqueles que de forma proposital se aproveitam dela.
A discussão que se arrasta ao longo dos 700 quilometros de serviços mal feitos e desmandos da estrada que nos leva até Cruzeiro do Sul é um exemplo clássico dessa exploração.
Acossado pela indignação de quem precisa dela, o governador Tião Viana tratou de arranjar 2 buchas: os empresários do Juruá e suas as carretas bi-trens.
Segundo Tião , às escondidas dos órgãos de fiscalização, esses maldosos empresários enchem seus bi-trens de mercadorias e o peso delas destroem a BR.
Temendo perseguições os acusados silenciam.
Ao culpá-los, o governador propositalmente despreza os cálculos estruturais feitos pela engenharia rodoviaria e, dessa forma, acaba por convencer uma legião de pessoas, que, ao contrário dos órgãos de fiscalização, enxerga a passagem daqueles gigantescos veículos.
E é exatamente nesse trecho que a desiformação pega carona.
O peso bruto total se distribui pela quantidade de eixos que o veículo possui.
Por exemplo: um bi-trem tem 9 eixos e 80 toneladas de peso total.
Isso significa que o impacto dele sobre a rodovia é o mesmo de um caminhão truck, com 2 eixos e capacidade de transportar até 17 toneladas.
O melhor é arranjar as buchas de sempre: o solo e as chuvas.
Quem trafega por uma estrada durante sua construção pode observar os desvios e o perigoso vai e vem de caminhões e máquinas.
E o que estão fazendo?
Ora, estão retirando exatamente o barro ruim, a tabatinga, para substitui-los por barro bom, vermelho, de boa compactação.
Em alguns casos, para melhorar a condição do aterro, ao barro é misturado proporcionalmente a cimento. E por falar em cimento o povo acreano conhece bem a história contada por Narciso Mendes sobre o sumiço de milhares de sacas.
Quanto às chuvas, a “drenagem” é a solução para desviar as águas que possam comprometer a base e o pavimento da estrada.
Por mais bem feita que seja a BR precisará de manutenção. O problema é que isso agora não basta. Ela precisa ser refeita.
E o pior: ninguém quer falar da grana que sumiu pelos drenos e desvios , de recursos óbvio.
*Luiz Calixto é economista, foi deputado estadual por 3 mandatos e atualmente é Auditor da Receita estadual.