Todo ano a polêmica sobre a licença natalina concedida aos reeducando de bom comportamento se repete com mais ou menos intensidade a depender do momento político que vive o Estado. Este ano não foi diferente, os apocalípticos e poetas do caos previram que a cidade iria se tornar um inferno, a mulheres seriam estupradas, os assaltos seriam diários e a violência iria explodir.
Pois bem, foram liberados mais de 70 reeducando que por força de lei conseguiram esse direito e todos saíram pra rua. Enquanto isso, as pessoas que por ignorância e má informação redobraram os cuidados com segurança, aumentaram o tamanho dos cadeados nos portões, soltaram os cachorros e ficaram esperando o fim do mundo.
Eis que passados os 7 dias, era hora dos reeducando voltarem ao presídio e o fim do mundo não aconteceu. Nenhuma ocorrência de roubo, assalto, violência sexual, doméstica ou quaisquer outras, foi registrada envolvendo estes apenados. Isso não significa que a cidade viveu momentos da calmaria nesses dias, ao contrário, aconteceram vários homicídios, execuções com origem suspeita, arrombamentos de residência, tráfico de drogas, vias de fatos e tudo mais que costumeiramente acontece.
Mas o importante é frisar que quando se concede direitos a quem quer que seja, não se está fazendo favor, e essa pessoas que foram beneficiadas pela concessão da saída de natal não são os vilões da violência do Estado.
*Valdecir Nicacio Lima
Mestre em Direitos Humanos pela Universidade de Salamanca Espanha