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Impeachment: Sou desafeto do governo, todo mundo sabe disso

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Da redação ac24horas

A expressão acima já foi dita, repetida vezes, pelo deputado federal Eduardo Cunha. Ademais, o quanto pode, ele fez tudo que lhes viesse à telha no sentido de inviabilizar o governo da presidente Dilma Rousseff. Ocorre que, no exercício da presidência da Câmara dos Deputados, ou seja, na chefia de um dos poderes de nossa República, ele jamais poderia se expressar e tampouco agir assim, até porque, com a mais supina clareza, o artigo 2º de nossa constituição prescreve: “São poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Vamos em frente;


Eduardo Cunha chegou à presidência da Câmara dos Deputados prometendo que iria restabelecer o princípio constitucional acima citado, diga-se de passagem, uma promessa absolutamente bem-vinda, afinal de contas, já não era sem tempo para que o nosso poder legislativo deixasse de ser uma extensão do nosso poder executivo, por vezes, apontado como um biombo do Palácio do Planalto.


Lamentavelmente, sob seu comando, ao invés da esperada independência e harmonia, a Câmara dos Deputados foi transformada na principal trincheira contra o governo. Senão, vejamos: projetos de leis que objetivassem minorar as nossas crises, raramente eram pautados para serem votados, e quando pautados, o próprio Eduardo Cunha era o primeiro a dificultar suas aprovações. Em síntese: a independência e a harmonia que deveria coexistir entre os nossos poderes, transformaram-se numa verdadeira guerra de guerrilha. A provar que sim, os projetos pautados, compunham uma agenda que apropriadamente ganhou o apelido de “pauta-bomba”.


Se quem com ferro fere com ferro será ferido, do mesmo jeito e maneira podemos prever que, quem com bombas bombardeia com bombas será bombardeado. Resultado: enquanto o governo da presidente Dilma Rousseff ia sendo bombardeado pelos petardos lançados pelo seu desafeto, deputado federal Eduardo Cunha, este sua vez, ia sendo alvejado pelos seguidos bombardeios que partiam da operação Lava-Jato. Enquanto isto, à nossa gravíssima crise econômica veio se somar outra ainda pior, qual seja, a pior crise política que nosso país já viveu.


Vivêssemos sob a égide do regime parlamentar de governo, certamente, nem a presidente Dilma Rousseff e nem o deputado federal Eduardo Cunha ainda estariam abusando da nossa paciência, afinal de contas, ambos já teriam sido afastados dos poderes que continuam exercendo, e o mais importante: dentro da mais perfeita normalidade. Infelizmente, o regime presidencialista os protege.


Por fim: com a presidente Dilma Rousseff enfrentando um processo de impeachment e o deputado federal Eduardo Cunha tendo que se defender da cassação do próprio mandato, nossas crises só irão se agravar.


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