Será que não há evidências para o cumprimento de mandato de busca e apreensão na residência e escritório do presidente licenciado da CBF, Marco Polo Del Nero?
Nesta terça (15), deu-se início aos protestos públicos contra Del Nero, na porta da entidade, no Rio, com direito a leitura de uma carta, com várias assinaturas de personalidades, pedindo sua renúncia e novas eleições.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos, após investigações do FBI, indiciou, a cerca de 15 dias atrás, Del Nero por crimes de corrupção – o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, disse que pediria informações aos EUA.
Muito se falou da possível troca de informação sobre o chamado “Caso FIFA” – quando ele surgiu, em maio – entre o FBI e as autoridades brasileiras. Mas a água fria veio no início de novembro por meio de uma decisão da Justiça Federal de barrar a cooperação.
Nesta quarta (16), o presidente da confederação manobrou para eleger novo vice-presidente da entidade, Coronel Nunes, seu aliado – ele, presidente da Federação Paraense de Futebol, foi indicado para uma vaga aberta nas cinco existentes de vice-presidente na hierarquia da CBF.
A indicação de Del Nero representou o seguinte: Nunes passou a ser o mais velho entre os vices da entidade e, pelas regras, poderá assim assumir a presidência em caso de renúncia de Del Nero.
Ressalta-se que Nunes foi eleito na CBF por largo apoio de clubes da elite e federações; um vice-presidente de oposição a Del Nero é que assumiria, caso Coronel Nunes não entrasse na vice-presidência e Del Nero renunciasse.
A CPI do Futebol do Senado, presidida por Romário, ouviu, nesta quarta (16), o presidente licenciado da CBF. Ele se defendeu das acusações e disse ser inocente, poupando parceiros e aliados.
Assim, Romário cumpriu o rito de expor Del Nero, com direito a chamá-lo de “corrupto, ladrão e mentiroso” na CPI, sem, no entanto, entrar na área dos imbrincados contratos do futebol com emissoras de TV, como a Globo – um dos itens de investigação do FBI e um dos motivos que levou Del Nero a ser indiciado nos EUA.
Não se sabe se Romário irá mexer neste vespeiro até o fim dos trabalhos da comissão, no meio do ano que vem.
O Baixinho levou dois baques recentemente que devem definir sua atuação na CPI daqui em diante: foi citado em conversas gravadas de Delcídio Amaral sobre possível conta na Suíça; e, nesta quarta (16), no mesmo dia da presença de Del Nero na CPI, foi destituído da presidência de seu partido, o PSB, no Rio de Janeiro, depois de uma denúncia do jornal O Globo sobre um assessor seu direto acusado de cometer quatro homicídios.
Del Nero joga com a morosidade das autoridades – para não dizer leniência, por falta de provas – para seguir vivo e interferindo no futebol brasileiro. Vai assim até quando der, deixando rastro de desprezo às instituições e pessoas.