Ando relendo por esses dias um livro sobre os maiores camisas 10 do futebol brasileiro. Livro de autoria do jornalista Marcelo Barreto, publicado pela editora Contexto, no ano de 2010. São onze os virtuoses listados pelo jornalista. Onze jogadores tão brilhantes que até pareciam mágicos com a bola grudada nos seus pés!
A lista começa com Zizinho, jogador da década de 1940, e acaba com Kaká, que hoje joga nos Estados Unidos, além de fazer as vezes de reserva na seleção do Dunga. Entre o primeiro e o último aparece na lista do Marcelo Barreto craques da estirpe de Pelé (o maior de todos), Ademir da Guia (o chamado “Divino”), Rivelino, Dirceu Lopes, Zico (o “Rei da Gávea”), Raí, Neto, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho.
Os torcedores mais jovens talvez só conheçam o Ronaldinho Gaúcho dessa turma aí. E ainda assim um Ronaldinho já em plena decadência. A esses eu advirto que não se trata do mesmo jogador. A mesma pessoa sim, o mesmo jogador não. Mas para esses existem os filmes. Dá pra saber tudo da maioria dos que não foram vistos.
Como toda lista, essa também pode ser posta em xeque, de acordo com quem toma conhecimento dela. Cada um de nós entende, certamente, que ficou faltando esse ou aquele jogador. O próprio Barreto cita alguns que não entraram na lista, mas que bem poderiam ter entrado. Casos do Zenon, do Dicá, do Juninho Pernambucano, do Sócrates… Mas que todos os listados foram craques, isso não se pode negar não!
Vou passando pelas páginas do livro e os mesmos sentimentos que se apossaram de mim quando da primeira leitura surgem outra vez. Sentimentos opostos: um tanto de felicidade e outro tanto nostalgia. Felicidade por ter tido a oportunidade de ver a maioria deles em ação. Nostalgia porque não consigo, por mais que eu me esforce, ver ninguém como eles nos tempos atuais no futebol brasileiro.
Diga aí, você que chegou até esse ponto desta crônica: existe algum sujeito que veste a camisa 10 no futebol brasileiro de hoje com a capacidade de jogar igual (ou semelhante) aos citados na lista do Marcelo Barreto? Existe? Ou então, diga aí: existe algum menino nas divisões de base que poderá, eventualmente, chegar a esse nível?
Lucas Lima, do Santos? Jadson, do Corinthians? Ganso, do São Paulo? Sim, concordo, ótimos jogadores. Mas nem de longe parecidos àqueles camisas 10 do livro do Barreto. A rigor, de acordo com o meu juízo, fora de série no futebol brasileiro dessa segunda década do século XXI, só mesmo o Neymar. Mas este, independente do número às suas costas, é muito mais um finalizador do que qualquer outra coisa.
É isso, meus caros leitores. Se a gente considerar que nas seleções de base também não se vê nenhuma promessa de camisa 10 acima de qualquer suspeita, então talvez se possa dizer que este seja um produto raro no futebol brasileiro. Animal em risco de extinção. Conclusão imediata: não existe sinal de luz no fim do túnel. Eita!