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Indios da etnia Kashinawá transferidos para Plácido de Castro fogem do isolamento

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Da redação ac24horas


A Fundação Nacional do Índio deve decidir no início de janeiro qual será o destino de cinquenta índios que vieram da Foz do Breu, em Marechal Thaumaturgo, para o município de Plácido de Castro, no Abunã. Mas se depender da vontade dos caciques e lideranças que estão no local cerca de dois anos, eles não voltam. A reportagem do ac24horas foi conhecer de perto a rotina das famílias dentro dos 34 hectares e três ecossistemas que um dia foi referência ambiental e um convite ao turista para a volta ao passado dos seringais.


Indios catam e pedem forças dentro da floresta

Ocimar Kashinawá, uma das lideranças do local, organizou uma recepção de boas-vindas com uma das atividades culturais mais importantes: a música. Sentados no meio da floresta, eles cheiravam rapé e se alegravam na batida de um violão e maracá. Dautibuya que em nossa língua significa: “firma o pensamento” foi a canção escolhida.


“De fato as dificuldades quando chegamos eram muitas. Algumas delas foram superadas e nossa esperança é que possamos definitivamente fazer desse espaço a nossa casa”, disse Ocimar.


Comunidade organiza espaços para prática do xamanismo

Aos poucos os habitantes estão se organizando. Ecílio, outro índio que veio da Foz do Breu para o Abunã, levou nossa reportagem para o local mais sagrado do parque, uma trilha feita em estilo jiboia que finda em um sombreio onde eles desenvolvem o poder xamânico (muka) que acreditam originar-se do contato com o mundo sobrenatural, rituais coletivos, sonhos, uso do rapé e da bebida nixi pae – ayahuasca.



“Aqui todos pedem forças a mãe natureza”, comentou Ecílio.


Força é um dos quesitos que o projeto precisa. Por enquanto, tudo está em papel. Uma área desmatada e que pegou fogo é o espaço que será destinado dentro do parque para a construção de 12 malocas e o Cupixau.


Modelo de vida é reproduzido no meio da floresta amazônica

A construção do local é ponto chave para a substituição do modelo do parque que vai abandonar a volta ao passado dos seringais para o etnoturismo. Dona Maria Rosa, aos 75 anos, nos mostrou alguns ensaios do artesanato que os indígenas pretendem desenvolver. Através da palha do murmurú, o mapú-bano, ela fabrica cestas que serão expostas e vendidas nas visitações de turistas que o projeto pretende atrair. A fabricação de peças em barro também é realidade. Mas tudo ainda é tímido.


Os índios vivem um impasse provocado pela falta de autorização da Câmara Municipal para ocupação do local. Dependem agora, de outro relatório que será apresentado à Funai, órgão que vai decidir pela permanência ou não da cultura no Abunã.


Outras parcerias são necessárias para que o etnoturismo volte a dar vida ao parque. Com a Universidade Federal do Acre será refeito o inventário que identificava as plantas nativas da Amazônia com seu nome comum e científico. Varadouros ainda existentes ramificam as várias trilhas de acesso a seringueiras.


O abandono durante as últimas décadas retirou a sinfonia que era estabelecida por pássaros e animais que viviam no local e que foram espantados pela caça ilegal. Em meio a tantas incertezas e sonhos, a única garantia é que os índios querem ficar e não voltar mais ao que chamam de isolamento no meio da floresta em Foz do Breu.


“Aqui nós temos floresta e assistência mais próxima, não queremos voltar para o isolamento e a ausência de condições, queremos mais qualidade de vida”, disse Ocimar.


Se conseguir apoio financeiro ideia é reproduzir a vida indígena no meio do Parque

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