As aparências enganam, já falava o dito popular. Um dos maiores empreendimentos já instalados no Acre, o Grupo Contax, especializada em serviços de call center, foi destaque nacional na Revista Exame, da editoraAbril, uma das maiores do Brasil. Segundo reportagem especial, a empresa já acumula um dívida que supera R$ 1,5 bilhão.
Segundo a Exame, a empresa, ao perceber que não teria como honrar debêntures [créditos de dívidas] que vencem em dezembro e fevereiro, iniciou uma ampla renegociação com seus credores para tentar alongar as dívidas. A conclusão do plano depende da venda de uma de suas subsidiárias, a Allus, que atua em outros países da América Latina e poderia valer, nas contas de analistas, 800 milhões de reais.
Se isso realmente acontecer, o objetivo é usar 350 milhões de reais para reforçar o caixa e o restante para pagar os credores. Mas o fato é que a Contax vem sofrendo drasticamente com o pairar da crise econômica que assola o país. Cerca de 30% de sua capacidade de atendimento está ociosa, enquanto a média do setor é inferior a 15%.
Trazida ao Acre como uma das salvações, com criação de milhares de empregos gerados, apenas neste ano, a ação da empresa caiu 90% e vale 1 real. Com a situação em estágio complicado, a dúvida é como ficariam os funcionários acreano, caso a empresa precisasse fechar as portas. Isso não foi confirmado, nem descartado pela Contax.
Uma fonte ligada à empresa, que não quis ser identificada, disse que há outros problemas ainda mais graves, que geraram conflitos internos. Exemplo disso são as doações políticas para candidatos de escolhidos pelos controladores e não pela Contax. “O Senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que é ligado ao controle, recebeu doações, mas isso não teve a devida abertura nas notas explicativas”, disse o executivo.
Segundo informações do jornal Congresso em Foco, que cita os dados de prestação de contas do senador na Justiça Eleitoral, Jereissati recebeu da empresa R$ 1 milhão por transferência eletrônica nas eleições de 2014.
O executivo também avalia que os controladores falam diretamente com as várias diretorias e ao conselho de administração caberia apenas ratificar o que já foi decidido. “O clima interno ficou muito ruim, com alta rotatividade de executivos, o que sempre foi uma preocupação minha e nunca foi endereçado pela gestão”, desabafa.
Em nota, a companhia informou que procura “obter consenso” com os credores para alongar seu endividamento e adequá-lo às suas “perspectivas operacionais”.
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