Por incrível que pareça quem mais ganhou politicamente com a visita do ex-presidente Lula (PT), ao Acre, foi o deputado federal Major Rocha (PSDB). Mesmo fazendo uma manifestação em Brasiléia com poucas pessoas, Rocha, conseguiu ser notado pela imprensa nacional. Roubou o espaço na mídia do Estado que seria para enaltecer o investimento do Governo do PT. Isso tudo porque um grupo de “aloprados” petistas resolveu confrontar os poucos manifestantes de oposição que estavam próximos a fábrica Dom Porquito. No quebra pau iniciado pela “juventude do PT”, que na verdade tem gente com idade para ser avô, atingiram a cabeça do deputado tucano com um murro e a prova do “sacrifício” ficou registrada. Assim mais uma vez o PT impulsiona a carreira do Rocha que virou uma vítima do petismo para alguns setores da oposição no Acre. A enorme repercussão do fato nas redes sociais e na mídia eletrônica mais uma vez coloca o nome de Rocha como provável candidato ao Senado ou mesmo ao Governo em 2018. Ele virou um símbolo de resistência ao PT.
A cronologia de ajudas do PT
No ano de 2009, Rocha liderou um movimento da Polícia Militar. Na ocasião, o ex-governador Binho Marques (PT) mandou prendê-lo. O fato o ajudou a se eleger deputado estadual. No exercício do seu mandato entre 2011 e 2014 tornou-se um parlamentar combativo e líder da oposição. Principalmente pelo fato do governador Tião Viana (PT) ter declarado o Major o seu inimigo número 1. Assim Rocha foi incentivado pelo PSDB a se candidatar a federal.
Puxada de tapete e a eleição
Em 2014, o mesmo Márcio Bittar (PSDB) que incentivou a candidatura do militar, tirou o corpo fora, quando chegou a hora das ajudas materiais. Mesmo assim, Rocha que já tinha virado um símbolo de resistência ao petismo, conseguiu se eleger.
Virada de mesa
Nada vale mais para um partido do que um deputado federal. São eles que garantem o repasse da verba partidária e o tempo de televisão nas eleições. Como deputado, Rocha tratou de assumir o comando do PSDB no Acre. E colocou a galera do Bittar de molho. Mandou embora do partido prefeitos e vereadores considerados traíras e deixou a casa ao seu gosto.
Cada um planta o que colhe
Portanto, ninguém no PT deve reclamar da ascensão política do Major. Eles foram os principais responsáveis. Na realidade ao elegerem o deputado como o maior adversário do partido fortaleceram a sua trajetória.
Espatifados
Mas a força política conseguida por Rocha também pode ter sido um golpe forte à oposição. Ele repete sempre que o PMDB, o PP e o PSD não são a verdadeira oposição. Isso porque fazem parte da base de apoio da presidente Dilma (PT), em Brasília, Mesmo com os líderes desses partidos citados tendo feito campanha para Aécio Neves (PSDB), em 2014.
Contradição
O deputado federal Flaviano Melo (PMDB) sempre foi contra a composição do PMDB com o PT. E nas convenções partidárias nacionais votou todas as vezes pela não coligação. No Acre, o PMDB nunca teve nenhuma relação com o PT e os seus votos para a presidência da República foram para os candidatos tucanos.
Outros casos
Rocha já deu pontadas recentes no senador Sérgio Petecão (PSD) e no provável candidato a governador do PP de José Bestene. Sempre os mesmos motivos. O fato das legendas darem apoio à presidente petista e terem alguns cargos no Governo Federal.
Reações na ALEAC
O deputado estadual Jairo Carvalho (PSD) ironizou a atuação de Rocha em Brasiléia. Ele disse na tribuna que o tucano levou uma pedrada na cabeça por estar fazendo arruaças. “Se estivesse trabalhando isso não teria acontecido,” disse o discípulo do Petecão.
Dúvida cruel
A imprensa ouviu espantada o pronunciamento de Jairo. Não se sabe se ele tomou novamente um cafezinho com o governador Tião Viana ou se a disputa no Quinari está criando esse clima de animosidade com o tucano. Lá a atual vice prefeita Branca (PSDB) vai disputar com o ex-petista André Maia (PSD).
Pela paz
Já a deputada estadual Eliane Sinhasque (PMDB) ressaltou que acredita numa política propositiva e pacífica. Ressaltou que nem ela e nem a pré-candidata do PSDB, Socorro Nery, iriam para um confronto como o que aconteceu em Brasiléia.
Partido dividido
O PSDB sob a batuta de Rocha vive um momento de divisão. Aqueles filiados ainda ligados ao Márcio Bittar parecem não aprovar algumas de suas atitudes. Me disseram que o Edson Bittar, tesoureiro do partido, já teve alguns problemas e quase saiu da executiva. Mas tomar o partido da mão de Rocha sendo deputado federal não será tarefa fácil.
Situação delicada
Com mais esse ato de confronto ao PT já tem gente falando que Rocha poderá ser candidato a prefeito de Rio Branco, em 2016. Mas em todas as minhas conversas com o deputado tucano, ele sempre me afirmou que tem compromisso com a base que o elegeu, policiais civis e militares, e que como prefeito pouco poderia fazer para ajudar esses profissionais.
Sonhos mais altos
Na minha avaliação, Rocha deve estar sonhando mesmo é com a disputa do Governo em 2018. Poderá ser o candidato daqueles que desejam uma mudança radical nos rumos do Estado. A sua trajetória poderá atrapalhar um outro pretendente da oposição que já se considera eleito em 2018.
Desabafo na tribuna da Câmara
Com o boneco Pixulé nas mãos, Rocha fez um pronunciamento nesta terça, 1, na Câmara Federal. Alegou que como não pode se manifestar livremente nas ruas do Acre estava utilizando a tribuna. E ainda ressaltou que alguns petistas atualmente não dormem com medo de despertarem nos camburões de polícia da Lava Jato.
Um kamikaze surfando na onda
Resta saber como Rocha vai utilizar o capital político que vem construindo. Pode se tornar um líder dos partidos de oposição no Acre, já que outros não quiseram assumir esse papel, mas também poderá criar uma outra via eleitoral. Ou seja, manter candidaturas tucanas independentes nos vários municípios e organizar o partido para uma trajetória mais solitária nas eleições de 2018. Rocha costuma dizer aos seus colaboradores mais próximos que não tem nada a perder. Assim age como um kamikaze sem medo dos seus adversários do PT e da oposição. Mas o fato é que esse desapego do deputado tucano está lhe rendendo popularidade. Na verdade, Rocha está surfando nessa onda de anti-petismo que invadiu o Brasil inteiro. Se vai chegar à praia ou se afogará num tubo pelo caminho só o futuro dirá.
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