Marco Polo Del Nero e Eduardo Cunha, sem que quisessem, deram esses dias passos rápidos rumo ao cadafalso. Com a credibilidade de uma nota de três reais, eles se tornaram dois moribundos no poder.
Del Nero, presidente da CBF, teve negado pelo STF habeas corpus preventivo para que se mantivesse calado ou não fosse preso, caso comparecesse à CPI do Futebol. Detalhe: ele ainda não foi convocado oficialmente pelo colegiado, devendo ocorrer só em 2016.
Tamanha prudência do cartola expõe as reduzidas probabilidades da bancada da bola do Congresso lhe salvar e impedir seu indiciamento ao final dos trabalhos da comissão – ou mesmo antes.
Não é a primeira vez que Del Nero tenta no STF barrar ação da CPI. Em agosto, entrou com um pedido no Supremo para evitar a quebra de seus sigilos fiscal e bancário, mas não deu certo – a comissão já pode ter esses dados em mãos.
A manobra de Cunha, presidente da Câmara, de abrir sessão no plenário para esvaziar o Conselho de Ética da casa que, no mesmo instante, analisava processo contra ele, foi seguido de manifestações indignadas de parlamentares – as mais contundentes contra Cunha desde que foram encontradas contas na Suíça não declaradas do nobre deputado (ou geridas por ele).
Sustentado por um persistente grupo de deputados eleitos sob seu guarda-chuva, Cunha se movimenta para ganhar tempo, mas foi abandonado por uma parcela que queria usá-lo como escada para derrubar Dilma – e que poderia ser fração importante de sustentação de seu mandato, neste momento.
Em meio ao jogo de interesses na Câmara, o grande problema de Cunha está no STF, onde poderá passar de acusado à condição de réu, até o final do ano, por ter recebido propina de US$ 5 milhões – e é nessa instância que sua agonia parece mortal, pois inviabiliza sua permanência na presidência da casa.
O presidente da CBF, nem em jogos da seleção no Brasil aparece mais. Nesta semana, contra o Peru, em Salvador (BA), pelas Eliminatórias da Copa, não deu as caras. Ele era onipresente em festas e eventos do futebol, aqui e no exterior, onde a mordomia corria solta. Agora vive quase recluso.
Não viaja para fora desde maio, quando antes fazia isso pelo menos uma vez ao mês, por medo de ser preso e extraditado.
Nas investigações que o FBI vem conduzindo sobre propinas em diversos contratos de direitos de transmissão (Alô TV Globo, quando virá satisfação à sociedade sobre seus acordos investigados) e patrocinadores no futebol – e que acabou levando à prisão e depois à detenção domiciliar, o ex-presidente da CBF José Maria Marin -, Del Nero é tido como nome certo na lista de envolvidos no chamado “caso FIFA”, elaborada pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
Aos poucos, vão se cristalizando as denúncias contra Eduardo Cunha e Marco Polo Del Nero. Com seus parceiros de ocasião e grupos de interesse os abandonando, restarão a ambos descer do trono onde se consideravam inalcançáveis.
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