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Cenário econômico do Acre é tenebroso e sem perspectivas de crescimento

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Da redação ac24horas

Principais setores econômicos registram queda nas vendas e nos investimentos. Indústria demitiu em massa. Secretário da Fazenda, Tinel Mansour, fala em cautela e surpresas desagradáveis. Dezembro será crucial e após festa de Carnaval crise viverá seu ápice.


Jairo Carioca – Reportagem Especial


A freada no investimento e no consumo dever derrubar o ritmo do Produto Interno Bruto (PIB) no Acre este ano. O efeito negativo é resultado da recessão próxima de 3% e a disseminação da crise econômica. Nenhum estado brasileiro conseguirá crescer em 2015 é o que diz a mais recente projeção do banco Santander. No Acre, a contração prevista é de -2,7%.


ac24horas ouviu durante a semana vários especialistas no assunto. Uma pesquisa encomendada junto a Associação Comercial do Acre (ACISA), apresenta números inéditos de inadimplência, queda nas vendas, ausência na contratação de mão de obra e medo de investimento no período em que a economia deveria estar aquecida pela expectativa de vendas para o Natal e Ano Novo. “Ninguém está tendo coragem de comprar”, disse Jurilande Aragão, presidente da ACISA e do Conselho Deliberativo do Sebrae – Ac. Confirmando esse tempo tenebroso, o secretário de fazenda, Tinel Mansour, afirmou que “o cenário é de cautela e muitas surpresas”.


O Mapa da Crise


De acordo com o estudo, o Acre está entre os seis estados pesquisados que mais cortou empregos formais, um total de 2,6%. O setor da construção civil, responsável por 12,6% do emprego com carteira assinada em 2014 foi quem mais colocou trabalhadores no olho da rua este ano, um total de 24%, diz o Santander.


Se a indústria vai mal, o investimento recua. A crise já se reflete em outros setores importantes como o de serviços e geração de emprego. Se no primeiro trimestre do ano o governador Sebastião Viana comemorou os índices de queda de desemprego divulgados pelo IBGE, colocando o Acre como único estado em que essa taxa caiu, no último trimestre em que o setor deveria estar aquecido principalmente pela expectativa de mercado para as compras de natal e ano novo, a situação não é tão confortável assim.



Dados exclusivos que a reportagem teve acesso através de uma pesquisa encomendada junto a Associação Comercial do Acre, mostram demissões no ramo atacadista. E quem não demitiu, também não contratou, cortou horas extras que representavam 20% da folha de pagamento e tenta sobreviver até dezembro.


A pesquisa foi feita junto aos maiores empresários no ramo atacadista, ferragens, calçados, materiais de construção, alimentício, aluguéis e remédios. A maior retração é no setor de aluguéis, onde o cenário econômico, que combina recessão com inflação alta, tem feito aflorar uma prática pouco comum em tempos de vacas gordas: negociações entre inquilinos e proprietários para reduzir os preços dos aluguéis. Depois de experimentar uma das maiores explosões de preços dos imóveis, o setor experimenta agora uma desaceleração maior, onde renegociações giram entre 30 e 40% no Acre.


Ainda segundo a pesquisa, o excesso de estoque nas prateleiras tem feito com que os empresários comprem menos. Dados extraoficiais mostram redução de 5% na arrecadação do ICMS de setembro (R$ 77 milhões) com relação ao mesmo período do ano passado (R$ 80 milhões). “O normal a partir de outubro é de arrecadação em alta. Nesse período é que o comerciante começa a estocar produtos para o Natal e Ano Novo. Ninguém está tendo coragem de comprar”, comentou Jurilande Aragão.



Para ACISA, o pior momento da crise chegará depois do Carnaval

Já pensou onde e como você vai passar o carnaval de 2016? Se ainda não tem planos é melhor rever a sua agenda. É que segundo especialistas na área econômica, o período de maior agravamento da crise que assusta os brasileiros ainda vai chegar e será exatamente após a festa do reinado momo.


Sentado em seu escritório no Sebrae e com um pedido de alteração nas diretrizes orçamentárias do órgão em torno de 20% para baixo, Jurilande Aragão afirmou que o epicentro da crise que mexe com todos os setores da economia, tanto privado como público, será em março.


“Dezembro será um mês crucial porque o setor comercial e de serviços aposta todas as suas fichas nas festas de final de ano, no entanto, o pior momento dessa crise ainda está por vir, será em março”, revelou Aragão.


O empresário ainda alerta para outros dois pontos que ele considera fundamentais nessa análise: em quanto tempo o país vai voltar a crescer e que lições irão ficar após essa situação econômica que vive o país.


“Para mim esse arroxo vai durar em torno de dois anos, não existe a menor possibilidade de ser menos tempo. O cenário que vai ficar é de preços menores do que os praticados em 2011. É preciso muita calma e criatividade”, alertou.


“Cenário é de cautela e muitas surpresas”, avalia secretário da fazenda

Os alertas feitos pelo empresário Jurilande Aragão foram endossados pelo secretário da fazenda do estado do Acre, Tinel Mansour. A reportagem foi recebida com exclusividade por Tinel, no segundo andar do anexo da Secretaria da Fazenda, no centro de Rio Branco.


Passavam poucos minutos do meio dia. Tinel chegava sozinho ao encontro, com meia hora de atraso depois que saia de uma reunião com o governador Sebastião Viana. Óculos no bolso, sorriso tímido nos lábios, trânsito livre pelo corredor, antessala praticamente vazia, com apenas um servidor e centenas de processos sobre a mesa. Aperto de mão firme e o convite para entrar. O segundo cafezinho foi servido na mesa de reuniões. Aproveitei o ambiente sem embaraços para ir logo perguntando:


– Ambiente tranquilo secretário, isso é sinal que o estado vem pagando seus fornecedores e prestadores de serviços?


– Estamos fazendo as conversas com fornecedores. Temos problemas de fluxos. As vezes não paga aqui, reprograma, mas a parte de terceirizados envolve salário e mão de obras, temos mantido prioridades nesses pagamentos – disse Tinel.


Calmo, de conversa compassada, o secretário reconheceu dificuldades com pagamento de fornecedores, falou em administração da crise, que desde 2009, segundo Tinel, “esse ano foi o de maior consequência”, respondeu.


Ao falar de surpresas no campo econômico, o primo do governador revelou a necessidade constante de monitoramento da crise e de ajustes quase que semanais feitos pela equipe econômica na contenção, principalmente de despesas.


“O estado está fazendo reduções de despesas ao longo do exercício. Trabalhamos sempre com projeções futuras em cima de dados oficiais, mas tem surpresas constantes. O cenário é realmente de dificuldades”


A queda nas transferências constitucionais da União é um dos sobressaltos reconhecidos por Tinel como um exercício constante de vigilância na economia local para não atrapalhar segundo o especialista, “no andamento do funcionamento normal do estado”, acrescentou.


Nesse momento, ele informou que as dificuldades pela queda das transferências de FPE e FPM e das emendas da bancada e individuais, deixa o Estado e os municípios em situação complicada. “Não tem ninguém na lista de exceção, todos os entes do estado são dependentes da União de onde ocorrem as maiores arrecadações responsáveis por 60% da receita do estado e municípios”, explicou.


Tinel Revelou que as receitas estaduais estão dentro da normalidade. De fato, a balança comercial que tinha registrado queda de 38,20% em agosto, voltou a se recuperar em setembro, com variação positiva de 33,71% e saldo de R$ 186.157. De janeiro a setembro o Acre exportou R$ 13,4 milhões contra R$ 5,9 milhões importados. Os dados são do Ministério da Indústria e Comércio Exterior.


Os números não inspiram tanta confiança para 2016. Tinel pondera ao dizer que tudo é ainda muito confuso e vai exigir muita cautela e contenção nos gastos.


“Sem perspectivas de crescimento de receita certamente não haverá expansão de gastos”, concluiu.


 


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