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30 anos depois, na UnB!

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Da redação ac24horas

Marina e Osmarino estavam ausentes. Ela por estar participando de um ciclo de palestras sobre sustentabilidade no Japão e ele por não ter sido possível o contato a tempo de participar do evento. Mas as pessoas que participaram do ato alusivo aos 30 anos do primeiro encontro nacional dos seringueiros e do Conselho Nacional dos Seringueiros partilharam histórias e momentos cheios de significado. Raimundo Mendes de Barros, o querido Raimundão, deu um show à parte: falou de forma comovente para convidados, alunos e professores da UnB, declamou poema exaltando a sabedoria e a generosidade da mãe natureza e de sobra ainda cantou o hino do seringueiro para salvar de um vexame a mim, o deputado Sibá Machado e o senador Jorge Viana, que não tínhamos a menor intimidade com sua letra.


Ao mesmo tempo em que marcou a fundação do Conselho Nacional dos Seringueiros, o primeiro encontro nacional dos seringueiros da Amazônia também trouxe à luz a bandeira das reservas extrativistas, um dos maiores legados da luta liderada por Chico Mendes que hoje beneficia milhares de famílias da Amazônia e de outras regiões do país, porque o mesmo conceito foi aplicado com sucesso em outros biomas. O deputado e ex-ministro Afonso Florence, da Bahia, fala de populações tradicionais de seu Estado que vivem em reserva extrativista. Uma das reservas, no Estado do Pará, tem extensão superior a um milhão de hectares, a exemplo da reserva extrativista Chico Mendes, no Acre, que se estende por vários municípios e beneficia diretamente mais de 10 mil pessoas.


As reservas estão presentes em todos os vales do Acre: no Juruá, no Tarauacá e Envira, no Purus e no Vale do Acre. Nessas reservas vivem milhares de pessoas que desenvolvem atividades econômicas de base florestal.


Chico Mendes foi realmente uma pessoa que viveu e pensou para muito além do seu tempo. Ele sacou lá na década de 1980 que os módulos dos assentamentos do Incra não atendiam aos anseios dos homens e mulheres da floresta porque eles se relacionam com a natureza de forma diferente. Enquanto os agricultores trazidos de outras regiões do país, a exemplo do meu pai que trocou o interior do Paraná pelo Acre na década de 1970, querem a terra limpa para desenvolverem seu cultivo de lavouras, os seringueiros querem a floresta em pé porque dela extraem o fruto de seu sustento sem exposição ao sol causticante. Além do mais, as estradas de seringa serpenteiam por horas de caminhada e se cruzam com estradas de outras colocações porque não há limite linear entre as propriedades. O que existe é o respeito ancestral pelas estradas que compõem cada colocação e essa foi a grande inspiração das reservas extrativistas.


As palavras de Chico Mendes foram proféticas, e todas as homenagens que lhe fizermos serão insuficientes para traduzir a grandiosidade de sua contribuição para a geração atual e, principalmente, para as gerações futuras. A placa fixada sob o seu busto no Espaço Chico Mendes da UnB dá uma pequena demonstração do quanto nosso líder seringueiro era visionário e por isso conquistou com seu sacrifício a imortalidade: “No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras. Depois pensei que estivesse lutando para salvar a floresta amazônica. Agora percebo que estou lutando pela humanidade”.


Chico Mendes foi uma semente lançada ao solo que germinou, cresceu e continua dando bons frutos. O Núcleo de Estudos Amazônicos da UnB, sob a coordenação do professor Manoel Andrade, deu uma bela demonstração de respeito aos povos da floresta e à história de Chico Mendes com a programação alusiva aos 30 anos do primeiro encontro dos seringueiros. Velhos amigos de praticamente todos os estados da Amazônia se encontraram e se confraternizaram. Binho, Polanco, Júlio Barbosa e Ângela Mendes foram presenças registradas. Além da bela representação parlamentar do Acre e da Amazônia, destaque para a presença do reitor Ivan Camargo, Doutor em Engenharia Elétrica que acompanhou como bom aluno a aula em que o evento se transformou. Foi bonito de ver!


Aníbal Diniz, 52, jornalista, graduado em História pela UFAC, foi diretor de jornalismo da TV Gazeta (1990 – 1992) assessor da Prefeitura de Rio Branco na gestão Jorge Viana (1993 – 1996), assessor e secretário de comunicação do Governo do Acre nas administrações Jorge Viana e Binho Marques (1999 – 2010) e senador pelo PT- Acre (Dez/2010 – Jan/2015), assessor da Liderança do Governo no Congresso Nacional entre março e outubro de 2015 e atual integrante do Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL.
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