Pedaladas fiscais, maquiagens contábeis, manobras financeiras, contabilidade criativa, estas, entre tantas outras denominações que estão sendo atribuídas as irresponsabilidades fiscais praticadas pelos nossos governantes, e em todos os níveis – federal, estadual e municipal – não só existiram como continuarão existindo, e pela mais elementar das razões: nossos entes federados não mais estão cabendo em seus próprios orçamentos, e ainda por cima, seus orçamentos, o da união, por exemplo, quando de sua elaboração, já vem trazendo mais de 90% de suas despesas impossibilitadas de serem sequer contingenciadas, ainda que suas receitas não venha se confirmar.
Para piorar, em menos de 10 anos, dado o gigantesco crescimento do déficit da nossa previdência social, dos extravagantes encargos financeiros decorrentes da nossa dívida pública, e por que não dizer, da aprovação de determinadas leis, por exemplo, a que obrigará que nada menos de 10% do nosso PIB seja obrigatoriamente destinado para atender o nosso sistema público educacional, sem dúvidas, não sobrará dinheiro sequer, para comprar o açúcar para adoçar o cafezinho do presidente que estiver comandando nossa República.
Infelizmente, nem mesmo a gravidade das crises que estamos atravessando tem sido suficiente para chamar a atenção dos nossos representantes políticos sobre os sérios riscos que a nossa República, diria até, que a nossa própria democracia está correndo, até porque, longe de pensarem do futuro no nosso país, eles só estão pensando nas próximas eleições. Consoante esta perversa lógica: quem está na oposição só se dá por satisfeito quando o governante de plantão está fazendo uma má gestão.
Foi assim no passado e está sendo assim no presente. Apenas para ficarmos com duas das nossas mais recentes gestões presidenciais, pergunto: qual a diferença da oposição que o PT fazia ao tempo do governo FHC e da oposição que hoje o PSDB está fazendo ao governo da presidente Dilma Rousseff? Nenhuma. Sendo mais objetivo;
No seu tempo, o governo FHC aprovou o fator previdenciário sob o pretexto de salvar o próprio sistema do caos. Os petistas foram contra. Presentemente, com o déficit previdência ainda mais grave, enquanto o governo da presidente Dilma Rousseff busca mantê-lo, a bancada tucana no Congresso Nacional, majoritariamente, vem defendo sua extinção. A criação e a extinção da CPMF, o tal imposto do cheque, também se presta para retratar suas contradições.
Por fim: se as pedaladas fiscais forem o bastante para determinar o impeachment da presidente Dilma Rousseff, praticamente todos os nossos atuais governadores e a grande maioria dos nossos 5.560 prefeitos que vão logo preparando seus pescoços para serem decepados pela mesma guilhotina.