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Decepção verde e amarela

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Manoel Façanha

Não creio que se possa chamar propriamente de “vexame” a derrota da seleção brasileira na primeira partida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018, ocorrida na noite de quinta-feira, em Santiago. O Chile, dono da casa, campeão da última Copa América, era mesmo favorito. Ao vencer, confirmou o seu favoritismo.


A palavra certa, em vez de “vexame”, no caso dos torcedores “brazucas”, talvez seja “decepção”. É que embora o Chile fosse favorito, bem no fundo da alma de cada um de nós persistia uma réstia de esperança. É fato que sempre sobrevive algum anseio de que na hora em que a bola rolar os nossos “craques” vão se sobrepor.


É justamente essa esperança que nos motiva a passarmos os noventa minutos em frente ao televisor (alguns, os mais apaixonados e abonados, chegam até viajar ao local do jogo), achando que qualquer hora o espírito de um dos antigos deuses do nosso futebol vai encarnar nos atuais jogadores e reviver as jornadas de outrora.


Então, ao fim da batalha, não somente pelo placar, mas também (e principalmente) pela falta de atitude e competência de uma seleção que em nenhum momento sequer incomodou o goleiro adversário, só pode restar mesmo um sentimento de profunda decepção. O Brasil, além de perder, não jogou coisa alguma.


Teve alguma pose de bola, sim. Concordo. Mas, convenhamos, foi uma posse de bola sem qualquer objetividade, de toques excessivamente laterais. Não tem um único jogador na atual seleção brasileira que parta para cima do adversário, em direção vertical, rumo ao gol. Neymar seria o cara. Mas esse, como se sabe, está suspenso por conta daquela confusão que ele protagonizou na Copa América, né?


Sem Neymar, a seleção do Brasil praticamente não incomoda o time do outro lado do campo. Mais do que isso: além de não incomodar, nem respeito impõe. Os adversários de agora é que propõem o jogo, ditam a norma, armam a arapuca e atraem o tal “canarinho”. Na atualidade, o pássaro símbolo da seleção brasileira, domesticado e triste, tem as asas cortadas e sequer tem forças para emitir um canto.


O Chile, cuja capital é vigiada de perto pela imponência da Cordilheira dos Andes, até há pouquíssimo tempo atrás era a terra dos ótimos vinhos e dos brilhantes versos do gênio Pablo Neruda. Estes itens eram objeto de toda a nossa veneração. Em sentido inverso, o que eles admiravam era a beleza do nosso futebol. Agora eles já não tem mais coisa nenhuma para admirar da gente. Até na bola eles são melhores!


Pela primeira vez a seleção brasileira perdeu na estreia de um torneio eliminatório com vistas a uma participação numa Copa do Mundo. A questão é que esses primeiros fracassos estão se tornando cada vez mais frequentes. Terça-feira tem mais. Brasil e Venezuela, em Fortaleza. Oremos para que não sobrevenha a primeira vez em que o Brasil vai ser derrotado pela Venezuela, em casa, pelas Eliminatórias.


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Manoel Façanha

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