É praxe no mundo do futebol se chamar de “jogo da vida” uma partida decisiva, dessas que determinam a eliminação ou a sequência de uma equipe numa específica competição. Se vencer, o time envolvido na disputa muda de fase e continua aspirando dias melhores em lugares mais qualificados (uma mudança de série, por exemplo). Mas se perder tem que começar tudo de novo, no ano seguinte.
Por esse raciocínio, pode-se dizer que o Rio Branco faz o jogo da vida neste domingo (27), contra o gaúcho Ypiranga, pela segunda fase da série D de 2015. Mesmo o sistema sendo o de partidas de ida e volta, o que faz com que a disputa não acabe no domingo, mesmo assim é vital para o Estrelão sair-se bem nos primeiros noventa minutos, inclusive (ou principalmente) porque trata-se do jogo em casa.
Na Arena da Floresta, com o apoio da sua torcida, além da ajuda da sua mais recente “arma pouco secreta” (o calor da tarde amazônica), se o Rio Branco vacilar e não ganhar bem, pelo menos por uns dois gols de diferença, amigos, dificilmente, mas muito dificilmente mesmo, não sobrevirá mais um ano sem ascensão à Série C.
Esse sistema de ascensão do futebol brasileiro funciona como um verdadeiro funil. Uma peneira onde só os mais competentes e/ou afortunados conseguem passar. No caso da série D, das quarenta equipes que iniciam a competição somente quatro é que subirão um degrau na busca pela elite. Em números, tão somente dez por cento!
Da primeira para a segunda fase, 24 times dos mais remotos quadrantes do país já ficaram estendidos na poeira da estrada. Restam dezesseis. Ao fim de mais uma semana de disputa serão oito os sobreviventes. E então, enfim, depois dos duelos entre esses oito, serão conhecidos aqueles que em 2016 estarão numa posição melhor.
No meu entendimento, seria bem interessante que dois dos três (Rio Branco/AC, Remo/PA e Palmas/TO) times da região Norte do país pudessem conseguir o acesso. Digo dois dos três porque Remo e Palmas jogam entre si e, assim sendo, só um segue em frente. A região Norte precisa ter mais representação no futebol nacional. Em 2015 só o Paysandu, na série B, é que atrai a atenção para cá.
A nação do futebol, por essa divisão desequilibrada de times das principais divisões, acaba se restringindo praticamente ao Sul e ao Sudeste. É nessas duas regiões que se concentra o que ainda resta do capital econômico e financeiro do país e, por conseguinte, é para esses lugares que convergem os jogadores melhor pagos.
É isso, prezados, por hoje. O Rio Branco, que já andou até pela série B do campeonato brasileiro, precisa jogar a vida neste domingo. O Rio Branco precisa superar a síndrome do “bater na trave” que o tem acometido nos últimos anos sempre que está prestes a subir de divisão. A esperança do futebol do Norte por estes tempos é vermelha (Rio Branco) e azul (Remo e Palmas). Duas cores e uma esperança!
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