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Leniência de autoridades e caráter privado blindam CBF

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Leandro Cipoloni, um dos autores do livro “O lado sujo do futebol”, lançado ano passado, disse à CPI que durante o processo de produção da obra chamou a atenção “a leniência de parte das autoridades” com dirigentes de futebol.


Segundo ele, Ricardo Teixeira já foi investigado inúmeras vezes pela Justiça brasileira no seu longo período na presidência da CBF (13 anos), inclusive por duas CPIs no Congresso, mas “não deu em nada”.


O único caso que abriu brecha para investigação mais aprofundada, e que é apontado como um dos motivos de Teixeira renunciar ao cargo na CBF, foi no amistoso Brasil x Portugal, realizado na cidade de Gama (DF), em 2008.

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Sandro Rossel, que é sócio oculto de Teixeira e ex-presidente do Barcelona (renunciou ao cargo no clube por conta da nebulosa contratação de Neymar), recebeu R$ 9 milhões da administração do então governador José Arruda (cassado em 2010) pela organização da partida, mas depois o Ministério Público descobriu que o dinheiro teve caminhos tortuosos, desde envio para o exterior ilegalmente até repasses a Ricardo Teixeira por meio de empresa de fachada.


Cipoloni falou detalhadamente desse caso na CPI do Futebol no Senado, na quinta (27/8), e ainda ressaltou que presidentes da CBF se apoiam no fato da confederação ser uma entidade de direito privado, para não dar transparência às suas ações. O jornalista explica que quando assumiu a CBF, Ricardo Teixeira fez uma manobra e tirou o dinheiro público que a entidade recebia por meio da loteria, para dificultar o controle de fora da entidade.


“A partir daquele momento, fica muito mais difícil investigar a CBF. Tornou-se uma caixa preta. E Ricardo Teixeira passou a fazer o que bem quis na CBF, e isso aconteceu com Marin (ex-presidente, preso na Suíça por corrupção investigada pelo FBI) e isso acontece hoje com Del Nero (atual presidente)”.


Leandro Cipoloni falou à CPI do futebol, ao lado dos outros autores do livro “O lado sujo do futebol”, os jornalistas Luiz Carlos Azenha e Amaury Ribeiro Júnior. Todos foram convidados pela comissão para darem depoimentos sobre o retrato do esporte no Brasil.


Azenha apontou a necessidade da CPI investigar os intermediários nos negócios da CBF (como a Traffic, de J. Hawilla) em contratos de publicidade e direitos de transmissão de futebol, por que, segundo ele, são por onde provavelmente a corrupção acontece, como já apontou o FBI no escândalo da Fifa que originou a CPI, criada e presidida pelo senador e ex-jogador Romário.


Ele não entende por que a confederação usa intermediários nas negociações, quando em outros países, o padrão nas grandes associações esportivas, como a NBA, é a realização de contratos diretamente entre a entidade e o contratante.


Luiz Carlos Azenha ainda levantou suspeita de direitos de transmissão de televisão divididos entre os clubes, altamente concentrados no Brasil. Ele cita que em vários países há mais de uma emissora transmitindo jogos de futebol. “A ênfase (lá fora) é equilibrar o campeonato e fazer com que os clubes tenham seus jogos transmitidos para seus mercados locais”, menciona.


Já Amaury Ribeiro Júnior mostrou preocupação na CPI com a sonegação de impostos feitas a partir desses contratos. Ele prometeu levar à comissão documentos que revelam como a sonegação de impostos e a lavagem de dinheiro são feitos em contratos com patrocinadores e veículos de comunicação na Copa do Mundo.


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