Por que os nossos políticos, em
princípio, mentem tanto?
A resposta mais imediata a ser dada ao questionamento acima é a seguinte: porque entre as mentiras que agradam e as verdades que desagradam, sobretudo, quando saem à cata de votos, nossos candidatos acabam optando pelas mentiras agradáveis, notadamente, àquelas que soam como música nos ouvidos dos eleitores. Neste particular, vale lembrar a sábia máxima da sabedoria chinesa: as palavras verdadeiras nem sempre são agradáveis e as agradáveis nem sempre são verdadeiras.
Infelizmente, no nosso ambiente político, as promessas que certamente possam prejudicá-los, ainda que devessem ser absolutamente necessárias e improrrogáveis, sequer integram os receituários dos nossos candidatos. De tais verdades eles fogem como o diabo foge da cruz. Por exemplo: na mais recente disputa presidencial, de nenhum dos principais candidatos, portanto, a nenhum dos integrantes do trio – Dilma Rousseff/Aécio Neves/Marina Silva – interessava debater o ajuste fiscal que, necessariamente, o nosso país haveria que passar.
Se a atividade política, em si mesma, é permissiva com a mentira, no regime presidencialista, pior ainda, até porque, no referido regime, somente após eleitos, é que suas mentiras são escancaradas, ou seja, quando já é tarde e Inês já está morta.
Portanto, enquanto mantivermos o regime presidencialista que está aí, resistente a regeneração e vulnerável a degeneração, não há como a sociedade brasileira se livrar dos governantes incompetentes, notadamente, daqueles que se elegem fazendo as mais falaciosas e inconseqüentes promessas.
Portanto, ganhar as ruas e acusá-los de caloteiros, com certeza, não contribuirá para melhorar o nosso ambiente político. Vide o desprestígio, cada vez mais acentuado, não só das nossas instituições, bem como dos nossos representantes políticos.
As crises que o nosso país está enfrentando, só chegaram aonde chegou, predominantemente, por causa do nosso regime, no caso, o presidencialismo de coalizão, e este por sua vez, ainda por cima, dotado de uma estrutura partidária anárquica e corrupta.
Nos regimes parlamentaristas de governo, os mentirosos e os incompetentes sequer se arvoram a assumir o poder, até porque, se excepcionalmente chagar lá, sequer conseguem esquentar suas cadeiras. Daí a sua adoção nas melhores democracias do mundo, enquanto no presidencialismo, a síndrome de Pinóquio se estabelece.
Narciso Mendes de Assis é engenheiro civil, empresário da construção civil de das comunicações e já ocupou mandatos de deputado estadual e federal. Hoje se dedica as suas empresas de comunicação. Atualmente dirige o jornal O Rio Branco, o mais antigo do Acre.