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Moradores da Foz do Breu na última fronteira com o Peru reclamam de abandono

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Último afluente do Rio Juruá em território nacional, o Rio Breu faz a fronteira por linha d’água com o Peru. Inicialmente, território indígena e, sucessivamente, território peruano, acreano, brasileiro e parte da Reserva Extrativista do Alto Juruá, a Foz do Breu é um antigo seringal, onde Cândido Ferreira Batista mantinha um entreposto comercial, o famoso Barracão, desde meados de 1908.


FOZ DO BREU


Por volta de 1940, Ernestina Rodrigues da Silva, que era empregada de Cândido Ferreira, casa-se com um de seus filhos: Dulcílio Ferreira Batista. Após o falecimento do sogro e do marido, ela deu sequência à convivência no local até as investidas de povoamento através dos Ferreira Batista e Rodrigues da Silva.

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O ponto de parada no último domingo pela equipe do ac24horas foi à escola de ensino fundamental que recebe o nome de Ernestina Rodrigues da Silva. Foi lá que ouvimos a comunidade expor todos os seus problemas em uma reunião inédita, com dois senadores da República (Gladson Cameli e Sérgio Petecão) e um deputado estadual (Nicolau Júnior).


Entre os alertas feitos inicialmente pelo Pastor e líder da comunidade, o Zé Costa, está o abandono do local por dezenas de famílias que, sem perspectivas e ameaçados pelo mercado das drogas, preferiram seguir com seus filhos para a zona urbana do município de Marechal Thaumaturgo.


FOZ DO BREU 1


“Quem insiste em ficar aqui convive sem energia elétrica, sem medicamentos, sem transporte e sem telefonia” acrescentou o pastor Zé Costa.


O único grupo gerador existente, doado através de emenda individual do senador Sérgio Petecão, funciona, mas não existe combustível suficiente (1.080) litros, para que a comunidade receba, durante 30 dias, 4 horas de energia. “A prefeitura doa somente 500 litros por mês, o que não é suficiente”, disse Raimundo.


Segundo contrato estabelecido com a prefeitura, o restante do combustível deveria ser doado pela comunidade. Sem barcos para escoar a produção, os produtores alegam dificuldades para conseguir adquirir a cota de combustível. A agricultura de subsistência plantada na região cultiva o feijão, arroz, milho e a cana de açúcar.


“Não recebemos nenhum tipo de incentivo e nem técnica” acrescenta Raimundo.


O que deveria ter sido um incentivo, o programa de açudagem desenvolvido pelo governo do estado, ficou, segundo o Pastor Zé Marcos, “somente em mais uma promessa de época de eleição”.


Isolados, sem telefonia rural, outro sistema que não funciona na Vila, os filhos dos seringueiros e produtores assistem, na última fronteira em linha de água com o Peru, o livre tráfico de drogas pelo local. Uma única barreira existente no Peru com apenas três policiais, parece deixar livres os traficantes que descem o Juruá. Do lado brasileiro não existe nenhuma barreira.


“A gente ouvi falar que os barcos que passam ai muitas vezes pela madrugada carregam drogas, mas o que fazer, não temos como impedir esse mercado, nem policia existe por aqui” desabafou um colono.


A CARA DA AMAZÔNIATráfico pesado, falência da borracha, isolamento a quem vive como guardiã da Floresta. Difícil de acreditar, mas com todas essas referências, ainda existe esperança. Dona Leonice Silva, que há seis décadas assiste o sol nascer às margens do Rio, diz que mesmo com todas as dificuldades, todas as ameaças, “não troca o pedacinho de chão por nada”.


Será que a exemplo do século 40 outras investidas de ocupação ocorrerão na Foz do Breu? Isso somente o tempo poderá confirmar. Isolados e pobres, vivendo de agricultura de subsistência, com quase nenhum acesso à tecnologia, os moradores vivem em quintais sem cercas e felizes.

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