‘El Niño Godzila’ causará seca severa no Acre, alerta pesquisador

Uma série de artigos assinado por pesquisadores do Centro de Previsão Climática do Serviço Atmosférico e Oceanográfico do Governo Americano (NOAA) alertam sobre a ocorrência de um aquecimento anormal da superfície marinha na região leste do Oceano Pacífico, que deve ocorrer entre 2015 e 2016.

De acordo com as previsões do NOAA, o El Niño desse ano será mais severo do que o de 1997, considerado o mais intenso já registrado e que foi responsável pela morte de mais de 20 mil pessoas e prejuízos globais estimados em cerca de U$ 45 bilhões.

O fenômeno prevê que a temperatura superficial do mar deverá se igualar ou até mesmo superar os níveis registrados apenas três vezes nos últimos 65 anos. Esse fenômeno climático foi batizado como El Niño Godzila.

No Brasil, a ocorrência do fenômeno El Niño geralmente provoca invernos com temperaturas mais amenas e verões mais quentes no Sudeste, verões extremamente chuvosos no Sul, secas ainda mais extremas no Nordeste, e secas prolongadas no norte da Amazônica.

Mas apesar das previsões preocupantes, a previsão para o Acre é que o “El Niño Godzila” não cause efeitos catastróficos, segundo o pesquisador Carlos Nobre, do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE). Segundo o pesquisador, as secas na Amazônia se manifestam de duas formas: a primeira, que corresponde ao fenômeno observado no Acre em 2005, é mais rara e decorre do aquecimento da água no Oceano Atlântico ao norte do Equador.

“Este aquecimento produz alterações na circulação atmosférica dos ventos alísios que transportam a umidade que se forma sobre o mar para o interior da Amazônia. Quando isso acontece, o efeito dessa falta de transporte de umidade se traduz em seca severa no oeste e sudoeste da região, ou seja, no oeste do Amazonas, no Acre e em Rondônia”.

A segunda manifestação é resultante de perturbações climáticas causadas pelo fenômeno El Niño e provoca seca mais acentuada apenas no norte e leste da Amazônia, ou seja, em Roraima, norte do Amazonas, Amapá e norte do Pará. Os pesquisadores alertam para importância de preparar e planejar medidas para aliviar os efeitos socioeconômicos e ecológicos.