O que reúne o Campeonato Brasileiro? Times de futebol de todos os estados da região Sul, Sudeste (menos Espírito Santo), um de Goiás e um de Pernambuco.
O torneio novo que propõem alguns cartolas, contrapondo aos campeonatos estaduais, envolvem clubes dos três estados da região Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro, com até 18 times. Ou seja, trata-se de uma competição semelhante ao Campeonato Brasileiro (com 20 equipes), sem os estados de São Paulo, Goiás e Pernambuco.
Dirigentes descontentes consideram os estaduais esvaziados sem grandes receitas. Mas por que não peitam as federações de vez, ao invés de ficar promovendo uma competição paralela que se assemelha ao Brasileirão?
Pode-se dizer que o torneio proposto Sul-Minas-Rio é no estilo mata-mata (ou quase isso) e ocupará poucas datas no período dos estaduais, não criando conflito com outras competições.
Mas se querem acabar com os estaduais do jeito que é, por que não se promove o Brasileirão a partir de fevereiro, criando torneios entremeados complementares ao longo do ano – e não uma competição em que os mesmo clubes se enfrentam no Brasileirão.
Campeonatos estaduais são ruins, em sua maioria. Não levam gente ao estádio e só engrenam na fase final – mesmo o de São Paulo, o mais competitivo.
Mas com essa segregação, como os clubes menores sobreviverão? E seus jogadores, que são a esmagadora maioria do grupo de atletas no País?
A CBF sempre negligenciou os campeonatos estaduais promovidos pelas federações que integram seu corpo eleitoral. Não há um plano, uma estratégia, uma ação para torná-los mais uniformes e rentáveis, com atração de patrocinadores e público, mesmo que seja com o mínimo de organização.
Alguns não têm nem segunda divisão, o que é ruim por que não se cria um cenário de maior competitividade, interesse e incentivo.
Enquanto isso, a CBF vai estimulando o surgimento de torneios no Norte-Nordeste, como a Copa Verde e a Copa do Nordeste, entre clubes da região. Mas se contrapõe a realização do torneio Sul-Minas-Rio.
A confederação não apresenta solução para incrementar os estaduais em localidades que precisam reforçar a competição, mas não aceita o rico Sul-Sudeste sugerir algo parecido com que faz no Norte-Nordeste.
No futebol brasileiro não há consenso de calendário, nem tampouco interesse em diminuir as disparidades regionais – os dois itens fazem parte da mesma célula de decadência do esporte.