O dólar fechou em baixa nesta sexta-feira (7) pela primeira vez em sete sessões, mas permaneceu acima do patamar de R$ 3,50, que foi rompido na véspera, em meio à contínua deterioração do cenário político e econômico brasileiro e após divulgação de dados fortes sobre emprego nos EUA, que fortaleceram a tese de que os juros subirão no mês que vem no país.
A moeda norte-americana recuou 0,83%, a R$ 3,5081 na venda. Veja a cotação. Na semana, o dólar subiu 2,44%. No ano, há valorização acumulada de 31,95%.
Nos seis pregões anteriores, o dólar havia acumulado valorização de 6,25% e chegou a R$ 3,57 no intradia da véspera, maior patamar em 12 anos.
Apesar do respiro de agora, especialistas dizem que a tendência ainda é de alta, segundo a Reuters.
Nesta sexta, o fato de o Banco Central ter aumentado sua intervenção no câmbio, após intenso avanço da moeda norte-americana, motivava algumas vendas de divisa. No fechamento da véspera, o BC anunciou aumento da oferta de swaps, contratos equivalentes a venda futura de dólares, o que foi visto como um esforço para segurar a alta da divisa.
“O mercado está sem referência. Operar com economia é fácil, é fazer conta. Não tem fórmula para operar com política”, disse à Reuters o operador de uma gestora de recursos internacional. “Como o mercado está em pânico, qualquer faísca é fogo”, afirmou.
O noticiário político no Brasil, com operadores enxergando chances pequenas mas não desprezíveis de afastamento da presidente Dilma Rousseff antes do término de seu mandato, tem golpeado o ânimo no mercados locais.
A perspectiva de alta dos juros nos EUA também vem pressionando o câmbio, expectativa corroborada nesta manhã pelos dados de criação de vagas no mercado de trabalho norte-americano fora do setor agrícola. O emprego cresceu a um ritmo sólido em julho e a renda teve retomada após estagnação inesperada no mês anterior.
O Federal Reserve, banco central norte-americado, aguarda sinais de recuperação da economia do país para subir a taxa de juros. Isso influencia o câmbio porque juros mais altos nos EUA poderiam atrais para o país recursos aplicados em outros mercados, como o Brasil. Por isso, o dólar tende a se valorizar frente ao real.
Intervenção do BC
Após o fechamento da véspera, o Banco Central anunciou aumento da oferta de swaps, contratos equivalentes a venda futura de dólares, sinalizando aumento da intervenção no mercado de câmbio, em meio a acentuada alta da moeda norte-americana ante o real.
Se mantiver as ofertas de até 11 mil contratos e vender sempre o lote total, a autoridade monetária rolará praticamente todos os swaps que vencem em setembro e correspondem a 10,027 bilhões de dólares. Até então, a sinalização era de que rolaria cerca de 60%.
O BC havia rolado parcialmente os últimos três lotes, em uma estratégia entendida por agentes financeiros como uma sinalização de que estava disposto a aceitar o dólar mais alto para estimular a economia via exportações, além de reduzir os gastos com os derivativos.
A decisão de aumentar a rolagem para setembro foi considerada acertada por vários operadores consultados pela Reuters, que julgam que a demanda por proteção cambial vinha crescendo nos últimos dias.
Essas operações, no entanto, têm causado prejuízo para as contas públicas. O Banco Central registrou prejuízo de cerca de R$ 57 bilhões com os contratos de “swap cambial”, instrumentos que equivalem à venda de dólares no mercado futuro (derivativos), nos sete primeiros meses deste ano, ou seja, até julho, segundo números da própria autoridade monetária. O valor é incorporado às despesas com juros da dívida pública e ajuda a impulsionar o atual déficit nas contas do governo.
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