Depois de levar dias para reconhecer que errou ao noticiar que o ex-jogador mantinha conta milionária na Suíça, é necessário avaliar por que Romário virou alvo da Veja.
Se a adulteração do documento foi feita dentro da publicação, claramente quis prejudicar Romário. Partindo do Ministério Público, trata-se de uma aberração ainda maior: um órgão da Justiça frauda documento e usa um veiculo de comunicação como instrumento de publicidade do assunto.
Se a prova falsificada da conta foi encaminhada por outra instituição qualquer, por que a revista Veja não checou sua autenticidade? Aliás, deveria ter checado a sua autenticidade mesmo se o extrato tivesse sido remetido pelo Ministério Público.
Alguns podem dizer que documentos vazados pelo Ministério Público são acima de qualquer suspeita, por tratar-se de peça jurídica. Mas do jeito que o MP se politizou nos últimos anos, tem sido cada vez mais necessário à imprensa avaliar esse tipo de expediente.
Feitas essas ressalvas, tudo leva a crer que a forma como se procedeu a “matéria investigativa” da Veja, o objetivo central da publicação foi detonar Romário.
Independente de quem cometeu o erro primário de falsificar o documento, a impressão que se tem é que a intenção foi atingir a credibilidade da CPI do Futebol, criada e presidida por Romário que teve a primeira reunião no último dia 4 de agosto.
É plausível imaginar que por trás da aventura da Veja encontram-se grupos de pressão, já objetos de investigação do FBI – que levou Marin à prisão na Suíça -, e que agora tentam inibir o senador.
Afinal, o epicentro da ilegalidade a ser discutida na CPI envolvem corporações globais poderosas e patrocinadoras do futebol, e uma emissora de televisão que controla os direitos de transmissão do esporte no País.
Com o resultado catastrófico da ação, Romário, no fim, acabou se fortalecendo na CPI. A comissão, como primeira medida, autorizou a ida de senadores para ouvir o ex-presidente Marin, na Suíça, e o agente de contratos com a CBF J. Hawilla, nos Estados Unidos, sobre os escândalos.
O problema da CPI já apontado é que possui membros do Congresso nada confiáveis. Mas, de qualquer jeito, é certo que trará desgastes aos denunciados.