Nem sempre um sindicalista que se elege deputado apoiando um governo tem vida fácil. Um exemplo é o deputado estadual Raimundinho da Saúde (PTN), que integra a base de sustentação do governador do Acre, Sebastião Viana (PT), na Aleac. Surpreendido pelos professores em greve, durante protesto na saída da sede da Secretaria de Educação, o parlamentar declarou apoio ao movimento, mas evitou fazer comentários ou bate de frente com o chefe do Executivo.
Raimundinho da Saúde participava de uma reunião com o secretário de educação, Marcos Brandão. Questionado sobre o que tratava com o secretário, o parlamentar disse que havia participado de uma reunião para tratar sobre questões de estrutura de uma escola da zona rural, mas como sindicalista era solidário a categoria e que apoiava o movimento grevista. Ele disse ainda que era contra a medida estrema de cortar o ponto dos professores.
O parlamentar ficou numa verdadeira saia-justa quando foi perguntado sobre qual sua posição sobre a ordem do governador Sebastião Viana. “Estou dizendo que sou contra ao corte de ponto de trabalhadores em greve. Direito de greve é constitucional e tem que ser feito greve mesmo, pois só se alcança as coisas através de muita luta e eu estou de acordo com vocês”, mas que a decisão era um ponto de vista do governador, se esquivando de emitir opinião.
Abordado de forma mais incisiva por um sindicalista que considera a medida do governador “arbitrária”, o ex-sindicalista e deputado da base de governo disse que não concorda com a medida, mas a decisão é um ponto de vista do governador. “Não estou dizendo isso, não coloque palavras na minha boca, estou dizendo que sou contra, o que ele fez é uma decisão dele”, responde, sempre na defensiva para evitar posicionamentos contra Sebastião Viana.
O deputado prometeu aos manifestantes que iria entrar em contato com a Comissão de Educação da Aleac para saber como estão os encaminhamentos da última reunião que a Comissão teve com os manifestantes e retornaria com as informações. Até as 16h desta terça-feira o parlamentar ainda não havia feito o contato com os professores como ficou acordado, mesmo afirmando que a greve é necessária para que a categoria obtenha suas vitórias.