O futebol brasileiro tomou mais duas pancadas dentro de campo. O cenário decadente empurra Del Nero para o precipício.
Que diacho que nem à final dos Jogos Pan-Americanos a seleção brasileira consegue chegar – ficou com o bronze em um jogo em que merecia perder no tempo normal para o Panamá (sim, Panamá!).
A derrota do Internacional para o Tigres (atropelado por 3 a 1), na semifinal da Libertadores, é outra pá de cal – dois anos seguidos sem chegar à decisão, fato que não ocorria desde 1991. O caminho ladeira abaixo continua…
Mas até quando? Não esperem nada da CBF. Seu presidente Marco Polo Del Nero tem passado os dias encontrando um jeito de não viajar ao exterior por que pode ser preso lá fora por corrupção.
A última viagem que perdeu seria para participar de um encontro da FIFA de definição das eleições na entidade e de vários despachos sobre a Copa de 2018.
Ele ainda não foi ao sorteio das eliminatórias do Mundial na Rússia. O motivo é patético: embora o risco de ser preso no país de Putin não exista (por razões óbvias, os russos não “trabalharão” para o FBI, que investiga os escândalos da FIFA), não há voo direto do Brasil para Moscou, o que significa que ele corre risco de ser preso em algum país em que tenha que fazer conexão.
Depois que conseguiu fugir da Suíça durante uma assembleia da FIFA (sorte igual não teve seu antecessor Marin), Del Nero não pegou mais nenhum voo internacional. Não foi ver a seleção brasileira no Mundial Feminino no Canadá (esporte que disse ser prioridade em sua gestão) e não foi à Copa América (competição que seria o início da redenção pós-vexame de 2014).
Nem os estádios com a média de público um pouco melhor nesse Brasileirão animam – os números ainda são pífios; a média melhor se justifica pelo equilíbrio do campeonato.
A interrupção da transmissão na TV a cabo dos Jogos Pan-Americanos, com disputa de medalhas, para passar famigeradas partidas da Copa do Brasil e do Brasileiro, é prova da submissão do esporte brasileiro a contratos de direitos de transmissão de futebol onde quem perde é o telespectador – como aponta a investigação do FBI, a prática é um grande conluio de organizadores, emissoras de televisão e patrocinadores.
A CPI da CBF, que começa efetivamente os trabalhos em agosto, para tentar entender essa trama, não deve dar em nada. Como já amplamente divulgado, a comissão é composta de “paus mandados” dos Eduardos Cunhas do futebol.
É insuportável ainda abrir o site da CBF e ver a entidade recebendo políticos, criando convescotes travestidos de conselhos para melhoria do futebol brasileiro, e se “esforçando” para provar que a medida provisória que cria um mínimo de responsabilidade fiscal aos clubes é uma “vitória do futebol brasileiro”.
A situação de Del Nero é insustentável!