Para tentar tirar o futebol brasileiro do atoleiro, Marco Polo del Nero criou dois grupos: um de técnicos reconhecidamente ultrapassados; e outro de clubes comprovadamente mal administrados.
O que se pode esperar de uma iniciativa em que em um primeiro encontro reuniu Dunga, Parreira, Zagallo, Lazaroni e Carlo Alberto Silva? Alguns com relativo sucesso no passado distante, hoje eles não têm a menor identidade com o chamado “futebol moderno”. Muito menos possuem ideias inovadoras.
No grupo dos clubes (Atlético-MG, Atlético-PR, Corinthians, Fluminense e Grêmio), todos são mal pagadores e continuam contratando atletas sem condições de manter seus encargos por muito tempo. Só o Atlético-MG deve a União R$ 282,6 milhões em tributos e contribuições diversas (FGTS e Previdência). Já o Corinthians, as dívidas ao governo chegam a R$ 186,5 milhões.
O presidente da CBF, Marco Polo de Nero, que abandonou um encontro da FIFA na Suíça depois que seu antecessor, o Marin, foi preso – Del Nero também não esteve na Copa América do Chile para acompanhar o Brasil por que ficou receoso de acontecer algo na justiça contra ele longe de casa -, formou esses grupos para dar respostas às críticas.
Na verdade, a CBF formalizou o que já existia informalmente. O grupo de técnicos é composto, em sua maioria, por gente que tem acesso a CBF e seus membros, e participa ativamente das atividades da entidade há tempos. O mesmo acontece com o outro grupo integrado pelos clubes.
É pouco provável que alguns deles não tenham tido chance, nos últimos anos, de dizer a CBF o que poderia ser feito para melhorar o futebol brasileiro. Portanto, reuni-los agora por meio de conselhos é apenas uma formalidade.
Na verdade, essas pessoas e instituições juntas não têm muito a acrescentar, por que se tivesse o esporte já tinha tomado rumo diferente no País. As suas posições são conhecidas – basta uma breve pesquisa na internet para saber como podem “contribuir” ao futebol.
Marco Polo Del Nero cumpre tabela com mais esses dois convescotes que criou. A dupla Walter Feldman (secretário-geral da CBF) e João Doria Júnior (chefe da delegação na Copa América), contratada por Del Nero quando assumiu a entidade para “modernizar” o modus operandi, já demonstrou que não faz diferença.
Será assim também com os que agora se agregam oficialmente a CBF para “mudar” o futebol brasileiro.
Falta a entidade humildade e empenho para incorporar experiências modernizadoras daqui e de outros países – e que passa obrigatoriamente por mais transparência e ações profundas extracampo. Fala-se que existe uma possibilidade de profissionais estrangeiros se agregarem ao projeto, mas, por enquanto, nada.
A sorte é que a eliminatória da Copa do Mundo 2018 não há o que temer – existe até um último suspiro de se conseguir a vaga, com a disputa de uma repescagem intercontinental (em geral, com equipes sem a menor expressão), em caso de se chegar em quinto lugar na classificação final da eliminatória sul-americana.
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