Por Francisco Rodrigues Pedrosa – f-r-p@bol.com.br
O anfiteatro da UFAC estava lotado! Não cabia mais uma mosca encolhida lá. Depois de tanta espera, tinha chegado o momento de apresentar o tão sonhado encontro nacional que iria discutir a arte imagética e suas repercussões na sociedade latino-americana do século XXI.
Na frente de todos, bem sentados e com olhar messiânico, de posse de microfones e sorrisos, havia os doutores, as autoridades, de alguma coisa que não se sabia o quê, e alguns políticos bajuladores que juravam conhecer do assunto, a esperar o início do evento.
Na plateia estavam ali alunos, espontaneamente buscando os pontos para aprovação na disciplina do semestre, alguns convidados que imaginavam que aumentariam seus vocábulos e muitos professores que precisavam estar presente para mostrar repertorio intelectual no povir acadêmico.
O primeiro palestrante, um doutor em arte e outros artifícios arteriais aterrorizante, introduziu a plateia na obra do grande artista Emritam Sabet, moderno intelectual que conseguia levar todos a pensarem o mundo por meio de círculos e circunflexos circundantes circunstanciais. A plateia aplaudiu de pé as elucubrações e dilemas levantados sobre Emritam. Ao se encerrar o poeta, o locutor falou das angústias do artista e de suas crises mentais, resultante dos formatos, formados de forma informal e reformada.
Todos os outros que compunham a mesa, após dizerem os títulos acadêmicos que detinham posse e que lhes protegiam das chuvas da coerência e da honestidade, seguiram nessa busca de admoestar a plateia para os perigos das explicações expressivas das exclamações exploratórias e excessivas.
A fim de vitaminar os falares verticais, o último doutor achou por bem utilizar dos modernos meios ferramentais para discutir os quadros e paisagens do tão prestigiado artista. Seria mais agradável, depois de longas falas, propor uma análise mais ocular das representações trazidas para a reflexão de todos.
Com um breve aceno, o então palestrante solicita ao técnico, Arcivaldo, que gerenciava o computador, a iniciar o show de imagens previamente selecionadas e dispostas na correta ordem do debate que o sabido iria construir. Quando as imagens se projetaram na tela, um breve silêncio do falante da vez. Todos pensaram: só poderia ter sido planejado, e de propósito.
Ao fim daquele momento, que todos juravam ser para servir como manto de tensão e reflexividade, depois que o doutor iniciou sua fala, todos ficaram extasiados com tanta beleza! Os quadros, as imagens, os pressupostos verbais alinhados com o que se mostrava eram perfeitos para desvendar a misteriosa mente do conturbado Emritam Sabet. Os olhos da plateia foram convencidos de que o artista era realmente um ser para além de seu tempo, para além de sua sociedade, para além do seu mundo, para além do além.
Depois das palmas vibrantes e prolongadas, uma voz fina e agônica soou da plateia:
– Arcivaldo, seu abestado! Esse arquivo que você está usando e expondo é de minha coleção de modelos de casas e jardins que pesquisei na internet. Vou usá-los para construir nossa casa quando nos casarmos. Tô vendo que de arte você não entende nada. Ainda bem que você não é doutor!
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