Francisco Rodrigues Pedrosa – f-r-p@bol.com.br
Na década de 60, alguns moradores que viviam perto do Parque Nacional de Amboseli, no Quênia, imaginavam que, roubando as botas e os chapéus dos caçadores de animais, à noite, quando estivessem dormindo em seus acampamentos, poderiam conter os estragos que esses aventureiros causavam à região. Se continuassem a exploração todo um ecossistema desabaria, e com ele as condições de vida dessas pessoas que ali estavam há tantas gerações.
Não há negar os erros, todos sabem, a política brasileira está doente. Quantos renunciam para fugir da cassação? Quantos são condenados e presos? Quantos investigados por suspeita de envolvimento com o crime? Quantos não aparecem com ideias malucas e paranoicas? Quantos circenses não nos fazem gargalhar tristemente, ao exporem suas ideias alopradas? Mas os erros não estão somente aí, melhor dizendo, estão aí por que não surgem aí.
Como não é o furto das botas e chapéus que acabariam com o comércio ilegal do marfim na África, também não é reformando a política que se resolveria o triste quadro que vislumbramos. Precisamos olhar desconfiados os sujeitos que se alimentam, consolidam e, agora, como num passe de mágica lenta e agonizante, propõe a famigerada “reforma”.
Enfatizo: não nos enganemos! Nenhuma reforma sairá de políticos deformados de caráter, condenados pela Justiça, amarrados às latrinas da corrupção, do luxo sultanesco de parlamentos alijados da miséria de um país secularmente desigual no corpo. Nenhuma reforma será capaz de relevantes formulações, se os convidados forem os mesmos que, já por tanto tempo, tem uma relação placentária com o que existe de podre nas terras pobres do sul do mundo.
Não me levo pelos caminhos do determinismo e da generalidade, tampouco pela desesperança dos derrotados. Mas esse discurso alardeado de reforma política é falso, é inócuo e não vai destruir os monstros que nos lambem a carne aberta.
A mim me parece precisamos avaliar os sujeitos que levam, pelo voto, essas pérolas aos parlamentos, prefeituras e palácios. Não reformem a política; não reformem os políticos; mudemos os eleitores, e tudo o mais tem a chance de cair em uma agradável destruição. O resto são botas e chapéus.
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