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A CAÇA AOS RATOS

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Roberto Gaz

Francisco Rodrigues Pedrosaf-r-p@bol.com.br


Quando os ingleses chegaram ao Brasil em 1500, trouxeram uma tradição remota que ocorria nas velhas terras da Inglaterra: a caça à raposa. Trata-se de um evento em que se juntam homens, cavalos e cães e passam a errar pelos campos belos e verdes da querida Bretanha a procura dos vulpídeos em marchas alegres e viris.


Esse costume não vingara nas terras brasileiras, devido ao fato de que nossas raposas, biologicamente, não são raposas, apenas pegaram a fama devido à semelhança que têm para com aquelas. Desesperados ao saber que não poderiam manter os costumes britânicos nos trópicos, muitos colonos ingleses no Brasil passaram a buscar uma forma de manter a forte memória dos seus antepassados. Surgia, então, a caça aos ratos.


Ao despertar do sono, muitos deram certeza de que eles eram muitos, enormes, gordos e degenerados, loucos e embriagados com os vinhos e as uvas do poder. Os pobres colonos ingleses no Brasil não tinham dúvida de que precisavam acabar com eles, afinal, precisavam construir uma nação mais saudável para todos.


A luta não foi fácil, e bem dizer que ainda não terminou. Perceberam que os ratos dominavam os engenhos de cervejas, exploravam os colonos, trapaceavam nos negócios e abocanhava todo o dinheiro da produção. Com o passar do tempo, alguns ratos abandonavam o engenho, mas não abriam mão de continuar recebendo os rendimentos daquela atividade suada e trabalhosa que os colonos mantinham a duras penas. O povo fez barricadas, ergueu bandeiras, alçou fogueiras e iniciou o processo de destruição das imoralidades do engenho e das cidades.


Ficou estabelecido que, a partir daquele momento, quem se dispusesse a ser um senhor de engenho deveria aprimorar-se nas questões do açúcar, estudar as necessidades dos vilarejos e se capacitar melhor para o manuseio de tão complexas engrenagens. Ninguém mais queria ratos e outros roedores, estes não entendiam de cana. Fossem para o quinto dos queijos.


Nessa caça aos ratos, conseguiram descobrir que, na fonte onde o povo tirava o precioso líquido pra suas necessidades diárias, havia negociatas, propinas, escândalos e enriquecimentos ilícitos de vários ratos que se escondiam em roupas de cor e trajes coloridos. Foram muitos os presos, mas muitos ainda não tinham sido despidos de suas roupas e demências.


O trabalho continuava, o labor era hercúleo, a tarefa muito difícil. Haveremos se confessar que os colonos ingleses no Brasil tiveram medo ao saber que em 2005, o Parlamento Inglês proibiu a caça à raposa. Numa simples logica de transmutação, se perguntaram se os amigos dos ratos, nas casas de justiça, nos centros políticos ou mesmos alguns colonos insanos, poderiam criar a ideia de que a caça na colônia pudesse também acabar. Nem todos eram gatos, afinal.


 


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