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Desconfiança marca CPI da CBF

Por
Manoel Façanha

A CPI da CBF no Senado, que poderá entrar em funcionamento nos próximos dias, nasce em meio à desconfiança em relação aos seus membros.


Romário (PSB-RJ), parlamentar que propôs a CPI da CBF no Senado, espera ter em breve os dois últimos nomes (já foram indicados cinco dos sete membros titulares) para integrar a comissão parlamentar de inquérito e, assim, começar os trabalhos – aliás, já prevista de iniciar para valer somente depois do recesso parlamentar de meio de ano.


O ex-jogador passou a ser questionado sobre seu papel em defesa do futebol brasileiro depois que, alguns dias atrás, se posicionou de forma contrária ao relatório da Medida Provisória que visa criar novas regras para modernização da gestão e responsabilidade fiscal dos clubes do futebol. A comissão mista especial que a analisava aprovou o documento – o relatório agora irá ao plenário.


Apesar da pressão de parlamentares, emendas pró-CBF não conseguiram ser inclusas na MP. A associação de jogadores que lutam pela modernização do esporte, o Bom Senso FC, comemorou. Romário, não – a posição contrária estaria ligado ao fato do nobre senador não concordar com o rigor fiscal com um conhecido sonegador de impostos: os clubes de futebol.


Fernando Collor de Mello (PTB-AL), um dos integrantes da CPI, é proprietário da afiliada da TV Globo em seu Estado. A emissora é detentora de direitos de transmissão de competições organizadas pela CBF e FIFA, cujos contratos são considerados suspeitos por conta de pagamentos ilegais de comissão – o problema é ponto nevrálgico da crise.


O ex-presidente do Cruzeiro, Zezé Perrella (PDT-MG), outro integrante da CPI, é um caso curioso da política nacional. No passado, fez lobby para derrubar a instalação de uma CPI contra a CBF e já integrou a bancada da bola (ou ainda integra?). Perrella é ligado a Aécio Neves, aliado político da CBF.


Sobram Álvaro Dias (PSDB-PR) e Humberto Costa (PT-PE), os dois últimos senadores membros da CPI – o primeiro presidiu a CPI do Futebol, em 2001, que, na época, antecipou várias denúncias que vieram à baila hoje.


O problema é que eles estão às voltas com a Operação Lava Jato, que leva tormenta todo dia ao Congresso Nacional. Por isso, suas bancadas poderiam ter optado em indicar parlamentares fora desse burburinho para evitar qualquer tipo de contaminação.


Prevendo esse cenário de distorção, talvez seja por isso que o ex-jogador Ronaldo Fenômeno disse apoiar tanto a CPI criada por Romário.


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Manoel Façanha

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