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Dificuldades, bolão e vinho

Por
Manoel Façanha

Houve um tempo em que os colombianos respeitavam o futebol brasileiro. Era um tempo em que os craques surgiam em profusão nos campos de pelada espalhados pela imensidão do nosso (sei lá se ainda é meu…) país. Era um tempo em que havia tantos bons jogadores nos times brasileiros que a gente entrava em infindáveis discussões pelo fato de vários nomes não terem recebido a merecida convocação.


Esse tempo, entretanto, infelizmente, não existe mais. Agora os colombianos encaram de frente a seleção brasileira de futebol, jogam no ataque, levantam o dedinho indicador bem na cara dos nossos “guerreiros”, dão porrada quando, eventualmente, perdem a bola e, enfim, ganham do Brasil com justiça e autoridade.


Respeito, que era bom, já era, meus prezados. Aquela história de que a “amarelinha” fazia tremer colombianos, gregos, troianos e baianos foi para o espaço sideral. Aliás, até a camisa dos caras é amarela. E eles tem tanta moral que inclusive o nosso tradicional uniforme precisa ser trocado: eles jogam de amarelo e a gente, se quiser, que use a cor alternativa, que se vista de azul… E sem apelo. É isso ou nada!


Minhas considerações se apoiam nesse jogo de quarta-feira passada, no Chile, pela Copa América. O nosso melhor jogador, o ainda jovem Neymar, capitão do time (mais pela bola que joga do que por algum tipo de liderança), não estando numa boa jornada, não teve ninguém para jogar por ele, para chamar a responsabilidade para si. E time com um só craque fica perdido no mundo quando este não consegue produzir.


Inicialmente, como eu disse no parágrafo anterior (devo concluir o raciocínio), as minhas considerações levam em conta o jogo contra a Colômbia. Mas, antes disso, na mesma Copa América, foi o maior sufoco para o Brasil vencer o Peru. Um Peru que, a rigor, talvez para fazer justiça ao nome, morre costumeiramente de véspera.


Neste domingo que vem, contra a Venezuela, se a vida seguir o curso natural do destino, provavelmente será outro sufoco. Ausente Neymar, dada a expulsão contra a Colômbia, certamente o time brasileiro será um daqueles espaços vazios de ideias brilhantes, onde nada de proveitoso pode vicejar. Eventualmente a bola pode até chegar às redes inimigas. Mas acredito que só muito eventualmente mesmo.


Isso de a Venezuela endurecer o jogo de domingo não é profecia de nenhuma “Cassandra”. Muito menos previsão ou desejo de um cronista irritado pela recente derrota. É a realidade nua e crua (nua até vá lá que seja, mas crua não dá mesmo para encarar). Uma realidade que vem se apresentando há muito tempo (levamos de sete a um dos alemães, estão lembrados?), mas que a maioria de nós teima em não enxergar.


Ainda assim, como eu não posso deixar de ser torcedor (esse vírus está no meu sangue, na minha alma e em todos os recônditos da minha essência), vou cravar Brasil três a zero no bolão da esquina, contra a Venezuela, neste domingo. Vou cravar esse placar absurdo e comprar uma garrafa de vinho chileno para tomar durante o jogo. Posso até perder o bolão, mas o bom gosto, esse eu espero não perder jamais!


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Manoel Façanha

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