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Bezerra e o cabeceio fatal

Por
Manoel Façanha

Juvenal de Souza nasceu na cidade paulista de Altair em 5 de setembro de 1949.


Começou no futebol na equipe homônima de sua cidade natal, de onde saiu para jogar nas pequenas equipes do Guaraçaí e Barretos.


Seu futuro se restringiria a equipes de pequeno porte, quando chamou a atenção do Guarani de Campinas em 1971, onde passou a ser conhecido sob o nome de Bezerra.


Há registros que o motivo de ter adotado este nome, se deve ao fato dele levar a sua vida no campo, no interior de São Paulo, e gostar muito da vida no pasto, onde costumava pegar o “touro à unha”. Se não touro, bezerra.


Primeiramente como lateral esquerda, e depois como zagueiro, se destacou por ter um ótimo senso de posicionamento, ser um bom passador e ter um grande poder de marcação.


Na equipe campineira ganhou destaque e teve grandes atuações. Foi contratado pelo São Paulo em 1976, onde acabou se fixando mais na zaga. Sua estreia em 7 de março daquele ano foi em um clássico frente ao Corinthians.


Em 5 de março de 1978, coube a Bezerra marcar o terceiro gol, o decisivo, na disputa por pênaltis na final do campeonato brasileiro de 1977, vencida pelo São Paulo frente ao invicto Atlético Mineiro, em pleno estádio Mineirão completamente lotado.


Aliás, apenas ele e o meio campista Chicão atuaram em todas as partidas da campanha do primeiro título brasileiro do Tricolor.


Bezerra foi titular na dupla de zaga tricolor até 1979. Quando começou a reclamar de constantes dores de cabeça. Acabou sendo diagnosticado, pelos médicos do São Paulo, com cisticercose cerebral, conhecida “como doença do porco”, por conta de uma das formas mais comuns de contágio ser através do consumo de carne de porco contaminada.


A cisticercose ocorre quando a larva da tênia do porco infecta o sistema nervoso, e provoca crises convulsivas, cefaléia e distúrbios psiquiátricos, e em casos mais extremos, cabe cirurgia. A falta de maiores informações sobre a doença, na época, levou a criação de um boato que caso Bezerra cabeceasse uma bola, poderia morrer em campo.


Por conta disso, foi recomendado a encerrar sua carreira, justamente quando seu nome chegou até mesmo a ser cogitado para a seleção brasileira.


A diretoria do São Paulo resolveu promover uma partida para sua despedida, em 26 de janeiro de 1980, um amistoso frente o Flamengo, no estádio do Morumbi, e que acabou 0 a 0.


Bezerra vestiu a camisa tricolor em 206 partidas e marcou 11 gols.


Após dois anos, no entanto, acabou voltando ao futebol, jogando, primeiro, pelo Fernandópolis e posteriormente no Olímpia, Uberaba e Barretos. Segundo reportagem publicada na época pela revista Placar, não havia qualquer indicio que estivesse curado. A verdade é que ainda havia muito incerteza sobre a evolução da doença.


Bezerra encerrou definitivamente a carreira em 1985.


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Manoel Façanha

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