“Pau que dá em Chico, dá em Francisco”. O ditado popular vale para pelo menos sete dos 13 patrocinadores atuais da investigada CBF, por conta de possíveis operações ilegais em contratos da entidade com esses mesmos patrocinadores. É o que se verifica em documentos sobre estas empresas em órgãos e entidades importantes de proteção e defesa do cidadão e da cidadania.
O Institute for Global Labour and Human Rights, organização de direitos humanos com sede nos Estados Unidos, divulgou em abril um relatório em que acusa a Nike de lucrar com trabalho escravo no Vietnã. O documento aponta que o faturamento da empresa entre março de 2014 e fevereiro de 2015, de US$ 30,3 bilhões, é parte fruto de trabalho análogo à escravidão em vários países – em 2014, a marca fez, pelo menos, 16.423 embarques de tênis do Vietnã para os Estados Unidos, vendidos a peso de ouro no território norte-americano. Não é a primeira vez que a marca sofre acusação desse tipo.
O Itaú, outro patrocinador da Confederação Brasileira de Futebol, no Cadastro de Reclamações Fundamentas de 2014, do Procon de São Paulo, o banco detém o quarto lugar no ranking geral das empresas mais reclamadas. A operadora de telefonia Vivo, importante patrocinadora da investigada CBF, lidera este mesmo ranking – posição, aliás, já ocupada pelo Itaú em 2012.
A Samsung, mais uma parceira da CBF, aparece nesse ranking geral do órgão de proteção e defesa do consumidor na 12ª posição. A Unimed, outra patrocinadora da Confederação Brasileira de Futebol por meio de sua seguradora, encontra-se no 42° lugar, no ranking geral que consta as 50 empresas mais reclamadas no ano passado em São Paulo.
Recentemente, a Proteste – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor pediu providências ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) e aos Procons de São Paulo e do Rio de Janeiro, por conta de anúncio do Guaraná Antarctica Black, lançado recentemente pela Ambev. A Proteste acusa o patrocinador da CBF, o Guaraná Antarctica, de propaganda enganosa ao anunciar o produto com “sabor do açaí”, mas não ter a fruta descrita na lista de ingredientes relacionados no rótulo do produto.
Essa mesma instituição (a Proteste) coloca a Vivo, o Itaú e a Samsung entre as dez empresas mais reclamadas no primeiro trimestre de 2015.
O BR Foods, no qual pertence à marca Sadia, prestigiada parceira da CBF, é um grupo empresarial acostumado a receber multas milionárias de ações, por conta das condições de trabalho oferecidas aos seus funcionários em seus frigoríficos pelo Brasil afora. Uma das últimas foi no final do ano passado, de R$ 4,4 milhões, por descumprir Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público do Trabalho no Paraná – nessa ação a empresa disse que recorreria ao TST.
As outras patrocinadoras da CBF são: Chevrolet, Mastercard, Gillette, Gol, Englishtown e Michelin.