Não sei porque tanto carnaval por parte da bancada governista em relação ao pedido de CPI dos gastos da BR 364. O requerimento apresentado pelo deputado estadual Luiz Gonzaga (PSDB) é, na realidade, uma oportunidade para o atual Governo do Acre provar que não há nada ilegal. Aliás, as obras envolvem todos os mais recentes governos da FPA, Jorge Viana (PT), Binho Marques (PT) e Tião Viana (PT). A reação desproporcional que assisti na sessão desta quarta, 13, dos deputados da base do Governo não tem explicação. Qualquer pedido a respeito de uma obra que consumiu mais de R$ 1,5 bilhão de dinheiro público parece uma heresia. Mas não é. E, na minha opinião, os gestores da obra deveriam ser os primeiros a desejarem essa CPI para acabar com as desconfianças.
Palanque político
Não entendo que as investigações sobre os gastos da estrada possam virar bandeira eleitoral da oposição. Isso vai acontecer justamente se não forem abertas as prestações de contas. O mistério e a sensação de caixa preta são bandeiras mais eficientes.
Maior obra da história do Acre
A BR 364 começou ainda nos projetos do Sétimo BEC do Exército Brasileiro nos anos 60. O ex-governador Orleir Cameli, nos anos 90, mostrou que o projeto era realizável. Os petistas, na época, na oposição foram contra. Mas depois assumiram a obra como principal marca das gestões petistas do Acre.
Lama para todo lado
No momento a BR 364 entre Sena Madureira e Cruzeiro do Sul, em alguns trechos, é um lamaçal só. O problema é que a lama quando se espalha não vai colar em apenas um lado. Tem muita gente torcendo para que essa CPI não saia.
Sem lógica
Acho uma estupides a alegação de que uma CPI paralisaria as obras da BR. Mesmo porque, que eu saiba, não tem nenhum trecho com trabalhos. Se tiver são apenas recuperações. Parar a manutenção da estrada por causa de uma investigação parlamentar não tem lógica nenhuma.
A sina do Petecão
Parece que o senador Petecão (PSD) não consegue exercer liderança sobre quem elege. O deputado estadual Jairo Carvalho (PSD) não quis assinar o pedido de CPI da BR 364. Nem um telefonema do senador do seu partido resolveu a questão. Jairo parece mesmo ser aliado da bancada governista.
Barrado no baile
Jairo é aquele mesmo deputado que tentou participar do almoço com o presidente Lula (PT), mas que não estava na lista de convidados. Pelos discursos de Jairo na tribuna na primeira oportunidade se bandeia de lado.
O passado te condena
Na legislatura passada Petecão começou com dois deputados do PSD na ALEAC, Marilete Serafim (PSL) e Chico Viga (PTB). Os dois rapidamente foram para a FPA. Sem contar que o ex-deputado Tchê (PDT), quando Petecão foi para a oposição, não o acompanhou. Os dois eram irmãos de fé e camaradas, tipo unha e carne.
Ainda no muro, mas com a oposição
Por outro lado, o deputado estadual Nelson Sales (PV) assinou o pedido de CPI da BR 364. Parece que as negociações para levar Sales à bancada governista ainda não se concretizaram. Graças a sua assinatura a proposta da CPI irá ao plenário da Aleac para votação.
Fatura ganha
A oposição terá as oito assinaturas para levar a proposta da CPI à votação. Só faltavam as assinaturas de Wendy Lima (DEM) e de Chagas Romão (PMDB). Mas os dois assinarão o requerimento. No plenário o jogo será diferente.
Uma questão óbvia
Mesmo que a CPI seja aprovada em plenário qual seria o medo da FPA? Não tem como o jogo ser “viciado”. Com maioria absoluta a bancada governista poderia indicar o presidente da CPI e o seu relator. Teria o jogo das investigações em mãos.
Desgaste
No entanto, não acredito que os deputados governistas votem a favor da CPI. Será um desgaste desnecessário. A sensação de que existe alguma coisa a mais entre o céu, a terra e a nossa vã filosofia vai continuar a existir.
Henrique Afonso no ninho tucano
Uma fonte me garantiu que o ex-deputado federal Henrique Afonso (PV) vai mesmo se filiar ao PSDB. Se resolver se candidatar a prefeito de Cruzeiro do Sul, Henrique é um nome forte. É conhecido e na oposição pode ter sucesso.
Mais fortes
Na minha avaliação, no momento, entre as dezenas de nomes que já ouvi para disputar a prefeitura de Cruzeiro do Sul, Henrique e Ilderlei Cordeiro (PR) são os mais fortes. O atual prefeito Vagner Sales (PMDB) e as lideranças do PT terão que tirar coelhos da cartola até o próximo ano.
Cada eleição é um história
Claro que quando começa uma disputa eleitoral tudo pode acontecer. Mas o fato do candidato ser conhecido e ter serviço prestado ajuda muito. Os dois ex-deputados federais são os mais fortes, mas os padrinhos de maior prestígio em Cruzeiro atualmente são Vagner Sales, Tião Viana e o senador Gladson Cameli (PP). O apoio de qualquer um deles pode pesar na balança.
Batendo chapa
Com o deputado federal Major Rocha (PSDB) na presidência o PSDB quer ter candidato próprio na disputa eleitoral de Cruzeiro do Sul. Os resquícios da eleição passada em que Rocha disputou vaga com a deputada federal Jéssica Sales (PMDB) ainda não foram completamente dissipados.
Muita água para passar debaixo da ponte
Ao contrário de Rio Branco, a eleição de Cruzeiro do Sul é em turno único. Se a oposição colocar mais de um nome forte na disputa corre o risco de perder a prefeitura. Ainda que não tenha um nome forte, a FPA, torce para que isso ocorra. Mas ainda é muito cedo para qualquer avaliação.
Nessa longa estrada da vida…
A BR 364 tornou-se essencial, sobretudo, aos moradores do Vale do Juruá. Mudou a logística de abastecimento da região. O problema é que a manutenção dos 653 quilômetros entre Rio Branco e Cruzeiro do Sul é de grande complexidade. O DNIT ligado ao Governo Federal só quer assumir os trechos considerados concluídos. E se a gente usar uma lente de aumento vai verificar que nenhum trecho está 100% concluído. O solo da região amazônica e as intempéries não dão trégua. Assim a manutenção da BR 364 é um eterno enxugamento de gelo. Vejo nessa CPI proposta na ALEAC uma oportunidade que vai além da simples investigação. Se os deputados tiverem juízo poderão sugerir alternativas para a viabilidade dessa estrada. Afinal, não dá mais para imaginar o Acre sem o seu principal canal de integração regional.
