Índios de todas as etnias do Acre e representantes de entidades socioambientais irão protocolar, na Procuradoria da República, um documento pedido a imediata suspenção da exploração de petróleo e gás de xisto no Vale do Juruá. Segundo eles, sem consulta alguma à sociedade, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) autorizou a exploração “predatória e contaminante” que ameaça o Aquífero Juruá.
De acordo com um dos líderes do movimento, Ninawá Hini Kui, existe “uma preocupação grande” porque, por onde passou, houve danos ambientais por causa do arriscado método de produção do gás de xisto, conhecido como fraturamento do solo. “Essa exploração é considerada altamente arriscada para o meio ambiente e com consequências sociais e econômicas nefastas, que só agora começam a ser mensuradas em países como Estados Unidos, Argentina e França, Peru e Equador”, alertou o líder indígena.
A ANP, segundo ele, não fez um estudo de impacto ambiental, desrespeitando uma convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT), entidade da qual o Brasil é signatário. O governo criou uma cortina de fumaça e gera expectativas de desenvolvimento para aquela região. “O problema são as técnicas utilizadas para a extração do gás, que é a fratura da rocha. Após explodir a rocha, é utilizada uma enorme quantidade de água com milhares de produtos químicos para liberar o gás. É certo o risco trazido pela injeção dessa água misturada no subsolo, com a possibilidade de se contaminar os aquíferos”, esclareceu Ninawá.
Das 72 áreas para exploração de gás natural arrematadas durante leilão da ANP, no ano passado, 54 apresentam alto potencial para a produção do chamado gás não convencional, também conhecido como gás de xisto. Logo após o leilão, o MPF entrou com uma ação civil pública com o objetivo de anular os efeitos do certame.
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