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Após visitar Complexo Industrial do Peixe, Lula faz lobby para Sebastião fazer parceria com a Bolívia na piscicultura

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Textos e fotos: Ray Melo e Luciano Tavares

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Durou mais três horas, entre visita e discursos, a solenidade de apresentação do Complexo do Peixe, na BR BR-364, sentido Rio Branco/Porto Velho, ao ex-presidente Lula da Silva e o presidente da Bolívia, Evo Morales. Ambos foram conduzidos pelo governador do Acre, Sebastião Viana, anfitrião do evento, ao frigorífico recém-inaugurado pelo governo e à fábrica de ração. O Complexo Peixes da Amazônia S/A possui uma moderna central de produção de alevinos (filhotes de peixe), a primeira fábrica de ração brasileira especializada em peixes carnívoros e um frigorífico com capacidade para processar 70 toneladas de peixe por dia. Com investimentos da ordem de R$ 80 milhões, o Complexo Industrial do Peixe é o resultado de uma parceira entre o governo acriano, BNDES, fundos de investimento, grandes produtores e aproximadamente 3.500 pequenos produtores familiares, reunidos em associações e colônias de aquicultores. Aproximadamente 25% das cotas são relativas à participação dos pequenos produtores.


O ex-presidente Lula (PT), que é achincalhado pela oposição, classificado como o pai do mensalão e do escândalo da Petrobras, mas endeusado no Acre pelos seus feitos em parcerias com as administrações petistas fez um discurso durante a inauguração do frigorífico do Complexo Peixes da Amazônia, que joga por terra que o mito que “florestania” é a redenção econômica para o Acre e os acreanos. O Lobby do uso do extrativismo foi a principal bandeira de campanha do PT no Estado nos 17 anos de poder do partido à frente do governo do Estado.


O líder petista também cometeu algumas gafes, principalmente quando foi saudar os cardeais acreanos. Lula fez um cumprimento rápido ao governador Sebastião Viana (PT) e tratou o senador Jorge Viana (PT), como uma que tem uma relação mais próxima a ele. “Já pedir tantas eleições e já ganhei tantas eleições com Jorge Viana, que nós somos mais que amigos”. O ex-presidente fez questão de destacar que veio ao Acre porque o presidente da Bolívia, Evo Morales, aceitou seu convite para visitar o complexo do peixe.


“Era um projeto que estava apenas no solo quando visitei o Acre”, disse Lula, que informou que logo em seguida teve um encontro na Bolívia, onde ele apresentou o projeto que estava sendo desenvolvido no Acre. O petista pode ter causado um mal estar no governador Sebastião Viana, ao falar o nome do evento que participou e fez o comentário sobre o projeto do complexo Peixes da Amazônia. “Foi numa reunião do G15, não G90… Acho que foi G77”, trazendo lembranças da Operação G7 que levou para cadeia, gestores do governo petista.


“Eu sai daqui com a certeza que este projeto tinha a cara da Bolívia. Apresentei ao companheiro Quintana, destacando que Evo Morales poderia fazer vários na Bolívia. A principal riqueza daquele país é o povo humilde, com vontade de trabalhar, que precisa de oportunidade para trabalhar. Eu disse: se o companheiro Evo, se disponibilizasse de vir ao Brasil para uma visita nesta fábrica, eu também viria. Pedi para minha secretaria, Clara, que também é boliviana, para ligar para Evo visitar Rio Branco”, ressalta Lula.


Assumindo o compromisso de ajudar a implantar o projeto de piscicultura nos mesmos moldes do Acre, no país vizinho. “O Brasil é grande pela economia, pelo povo, pelo produto interno, pelo ponto de vista tecnológico. O Brasil tem que ser um país solidário, disposto a ajudar seus vizinhos a crescer. O Brasil não pode ser rico sozinho na América Latina. O governo federal fará tudo que for necessário para fazer várias fábricas como a Peixes da Amazônia, na Bolívia”, disse o ex-presidente que fez o lobby para investimentos do Brasil na Bolívia.


Derrubando o mito da “florestania”


PEIXE_03Lula se empolgou tanto no discurso que parece ter esquecido a bandeira política de seus companheiros petista no Acre, que defendem a economia com base no extrativismo. “Tinha gente que falava que era o extrativismo era a saída para o Acre, mas o extrativismo não pode dar a resposta para tudo. A juventude não quer mais morar no meio do mato. Este papo que a gente falava no século passado, que temos que fixar o homem no campo. Quem gosta se ser fixada no campo é estaca. O homem tem que seguir. Esta meninada quer trabalhar”.


Ele acredita que os jovens podem trabalhar no campo e morar na cidade. “O jovem quer ir ao cinema, ir ao teatro, quer namorar, mas ele não quer ser confinado, vendo luz de vagalume a vida inteira. É bonito ver um dia, dois, três, mas a vida inteira? O cara quer vir para cidade para estudar. Parabéns pelo CallCenter. Porque esta juventude acha muito bonito, mas esta juventude quer trabalhar na cidade, querem estudar, querem ter uma profissão e eles querem cada vez mais evoluir. O Call Center é apenas o começo de sua vida profissional”.


Apesar de a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) ainda não ter uma única empresa instalada, Lula acredita que o Acre, já tem indústria iniciar os trabalhos. Demonstrando desconhecimento do estado crítico da BR-317, o ex-presidente disse que as empresas do Sul do país podem “ chegar ao Pacífico, através de uma estrada moderna saindo aqui do Acre. Isso mostrar que o Acre não quer ficar confinado a ser ume estado rural, mas um estado industrial. É um dos poucos estados que os jovens sabem cantar o hino nacional”.

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Lobby para Evo Morales


O ex-presidente Lula tratou com naturalidade o fato de Evo Morales ter nacionalizado a refinaria da Petrobras, na Bolívia. Ele afirma que parte da “elite brasileira”, queria que ele brigasse com o boliviano. “O lula você tem que brigar com Evo. Eu falava que ele vai pagar pela Petrobras. Agora, o gás é dele, o Brasil tem que respeitar porque o gás é um produto da Bolívia. Hoje é com orgulho que eu posso dizer que a Bolívia nunca viveu um tempo de paz, como vive com este índio cocaleiro. Nunca o povo humilde teve tanto progresso como tem agora”.


De forma irônica, Lula falou do longo tempo que Evo Morales permanece no poder. “lógico que falta muita coisa, mas os outros governaram 500 anos, ele só tá há quase 10 anos no governo, e o mandato dele vai terminar só em 2020. Que Deus te ajude a continuar fazendo as coisas que você está fazendo na Bolívia. É a primeira vez que um índio chega ao poder na Bolívia”, disse o petista ao tentar desqualificar um ex-presidente boliviano que “falava inglês. Eu acho que ele tinha vergonha de falar a língua dos boliviano. Evo, querido, você é motivo de orgulho para esquerda brasileira e para aqueles que acreditam que outro mundo é possível construir”.


Crise no governo Dilma


Mergulhado numa crise política e econômica, o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) também foi defendido por Lula. “O brasil não vive seu melhor momento. A presidente Dilma chegou ao final de 2014, com o menor nível de desemprego da história deste pais. A Dilma teve que fazer muitos investimentos para manter os empregos. Chegou uma hora que era preciso parar porque o dinheiro encurtou”, disse o ex-presidente ao tentar justificar as medidas de ajuste fiscal que vem causando polêmica nas votações do Congresso.


Lula acredita que os descontentes com os rumos da economia brasileira não suportam a ascensão social dos pobres. “Ninguém cuidou do povo pobre como nós cuidamos. Tem gente que se incomoda com filha de doméstica fazendo medicina, filho de pedreiro fazendo engenharia. A ascensão do pobre é ascensão de todo mundo”, destaca ao incluir o Acre, como um dos estados que mais teve acesso aos programas de distribuição de renda do governo federal. “Os acreanos só viam avião passar e nunca pensaram em entrar num. Hoje podem viajar”.


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Conselho a Sebastião


O cardeal petista elogiou os “avanços” das administrações petistas e aconselhou o governador Sebastião Viana. “O Acre já fez muita coisa, mas o governador precisar ter consciência que ainda precisa fazer mais. Não pense que o povo é agradecido pelo que você já fez. Quando a gente toma a primeira dose, a gente quer a segunda, sabe. Aumento de salário só faz bem no primeiro mês, no mês seguinte não vale mais nada. Então, as coisas que você faz o povo gosta num dia, no outro ele quer mais. Se prepare porque nós do PT viemos para mudar a história deste país. O PT como é composto de seres humanos também comete erros e quem cometeu o erro tem que pagar. O que a gente não pode é fazer com que o povo brasileiro que transformou este partido no mais importante da América Latina, não tem no mundo nada similar, que este partido seja julgado”


O Brasil descoberto e construído pelo PT


Lula se alongou tanto no discurso que cometeu algumas gafes. Supervalorizando sua passagem pela Presidência da República, ele disse que tinha orgulho de ter inaugurado a primeira ponte entre Brasil e Bolívia, em 500 anos, ao relembrar da ponte de mão única construída na administração do então governador Jorge Viana. O petista se esqueceu que na época, já existia a ponte conhecida como “tranca”, ligando Epitaciolândia à cidade de Cobija, no Departamento de Pando. O ex-presidente afirmou ainda que nos anos 80, Rio Branco só tinha uma praça, “a coisa mais linda, que foi inaugurada pelo companheiro Jorge Viana”.


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Uma promessa para Sebastião cumprir


O governador do Acre, Sebastião Viana não tem o dom de realizar milagres, como o São Sebastião, padroeiro de Xapuri, mas terá que assumir a reponsabilidade do milagre da multiplicação dos peixes na Bolívia. Lula pediu para o gestor fazer “tudo que puder fazer para ajudar Evo Morales a implantar um projeto deste (o Complexo Peixes da Amazônia). Faça porque Deus dá em dobro quando ajudamos os necessitados. Se precisar conversar com empresários do Sul e Sudeste, me utilize, porque a gente vai convencê-los a vir ao Acre. Coitado é quem pensa que o acreano é coitado. O Acreano nasceu para ser guerreiro, para ser guerreira e o Acre nasceu para ser um estado desenvolvido, gerador de riqueza, gerando renda e fazendo o povo viver dignamente”, finaliza Lula.


Ele já levou a Petrobras, agora quer a Peixes da Amazônia


O presidente da Bolívia, Evo Morales, que nacionalizou uma refinaria construída pela Petrobras no país vizinho, demonstrou interesse em estabelecer uma parceria de cooperação com o Acre para instalar um projeto de piscicultura para desenvolver as cidades bolivianas. Morales não perdeu a oportunidade e fez uma piada para elogiar o projeto de piscicultura do governo do Acre. “Irmão governador, se este complexo industrial de peixe ficar perdido por aí pode procurar na Bolívia porque eu levei pra lá”.


 


 


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