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Simplesmente Revetria…

Por
João Renato Jácome

1976, o Cruzeiro era o atual campeão da Taça Libertadores e sofrera com a perda de dois de seus principais atacantes, Jairzinho e Palhinha. Outro desafio da equipe azulina seria impedir o rival, Atlético, de chegar ao bicampeonato mineiro.


Por conta disso, o técnico cruzeirense Zezé Moreira, que havia treinado o Nacional de Montevidéu, indicou aos dirigentes mineiros a contratação do atacante do Nacional, Hebert Revetria, que era titular na seleção olímpica uruguaia, e apontada como eventual sucessor de Fernando Morena, um dos grandes nomes do futebol celeste.


A última lembrança do uruguaio no Brasil tinha sido em 28 de abril de 1976, no Maracanã, na vitória da seleção brasileira por 2 a 1 frente a Celeste, na partida que ficou marcada para a história, por conta da briga generalizada ao seu final. Perseguido por Ramirez, Rivellino levou um épico tombo nos degraus do túnel de acesso aos vestiários. Naquele dia, Revetria chegou a ser preso após agredir um fotógrafo. Acabou salvo por Cláudio Coutinho, que era militar e fazia parte da comissão técnica da seleção nacional.


Naqueles tempos era muito raro o futebol brasileiro trazer atacantes estrangeiros, ainda mais de um país rival como o Uruguai. O desafio seria muito grande, mas tratava-se de um jogador muito promissor. Era um goleador com grande senso de finalização, no entanto não era veloz, tão pouco driblador.


Seu começo no Cruzeiro foi difícil e acabou sendo colocado no banco de reservas. Não foi aproveitado na competição sul-americana. Passou a ser considerado, pela imprensa mineira, como um bonde, nome dado as grandes contratações que não surtiram efeito. Já com Iustrich como técnico, chegou a ser aproveitado pontualmente, mas normalmente apenas como opção para o segundo tempo.


Em 14 de setembro, a equipe mineira perdeu a final da Taça Libertadores para o Boca Juniors, o que fez Iustrich bancar a sua escalação na primeira partida da final do campeonato mineiro, pouco mais de dez dias, em 25 de setembro frente o grande rival, o Atlético. Nova derrota, desta vez por 1 a 0, fez o sinal de alerta acender de vez no lado cruzeirense. O empate na segunda partida daria o título ao Galo.


Desta vez em 2 de outubro, tudo teria que ser diferente, no entanto logo aos 5 minutos do primeiro tempo, o Galo abriu o placar. Ao que parece, aquele era o momento para se separar homens de meninos. E foi isto que aconteceu com Revetria. O atacante uruguaio empatou a partida, ainda na primeira etapa, aos 25 minutos.


De volta do intervalo, coube a ele marcar mais duas vezes, de cabeça, aos 10 e 12 minutos. Posteriormente Reinaldo diminuiu para o Galo. A vitória por 3 a 2 recolou o Cruzeiro na briga e, o mais importante, elevou a moral da equipe, que estava cabisbaixa.


Na semana seguinte, a terceira partida resolveria de vez o campeonato. A partida começou da mesma forma que a anterior, com o Galo abrindo o placar ainda no primeiro tempo. Coube ao guerreiro uruguaio empatar o jogo, novamente de cabeça, a 20 minutos do final, e levar a partida para a prorrogação.


Esgotado e sentindo a virilha, foi substituído e de fora assistiu seus companheiros marcarem mais 2 gols, 3 a 1. O Mineirão era azul.


Depois do desempenho nas finais, Revetria assumiu a titularidade no comando do ataque cruzeirense por algum tempo, e acabou deixando o clube em 1979. Partiu para atuar no futebol mexicano, onde ficou por 5 anos com sucesso. Ainda voltaria a ser campeão uruguaio com o Peñarol na temporada 1985/1986 e a atuar no futebol chileno, onde também foi campeão nacional pelo Colo Colo e Cobreloa.


Para os cruzeirenses, sempre será digno do coro: “Rei… Rei… Rei… Reivétria é nosso rei!”.


Revetria é um daqueles jogadores que foram protagonistas em momentos únicos que marcaram o futebol para sempre.


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João Renato Jácome

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