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Golpe Militar de 64: Uma lembrança que ainda não se apagou no Acre

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Da redação ac24horas


Nesta terça, 31 de março, o Brasil lembra os 51 anos de um dos seus mais importantes (e tristes) acontecimentos históricos, a Revolução de 64 (sic). Na época, as forças políticas conservadoras batizaram o movimento militar de A Redentora. Isso porque a intervenção tinha como objetivo afastar do poder o grupo político do presidente João Goulart e “salvar” o país dos comunistas. A acusação principal que pesava sobre Goulart era o fato de querer transformar o Brasil numa ditadura de esquerda. Os militares derrubaram o governo com o apoio das elites sociais brasileiras, industriais, usineiros, latifundiários e, a classe média, que embarcou no movimento. Na realidade, não houve nada de revolução que teoricamente é uma ação que surge das bases sociais e não das elites. O que aconteceu foi um golpe militar apoiado por forças políticas norte-americanas temerosas com o avanço comunista no mundo. A suposição de que o Brasil pudesse se transformar em mais uma base de difusão do comunismo, no auge da “Guerra Fria” entre os norte americanos e os soviéticos, desencadeou o golpe. O general Castelo Branco assumiu a presidência da República e foi sucedido por outros dois generais ainda mais “linhas duras” Costa e Silva e Médici.



Consequência ainda mais cruel
O golpe de 64 acabou por gerar o Ato Institucional 5 (AI 5), em 1968, que cassou os direitos constitucionais dos brasileiros. A imprensa foi censurada e as liberdades individuais restringidas. Foi o início de umas das mais negras páginas da nossa história com a prisão, a tortura e o assassinato de milhares de pessoas.


Ame-o ou deixe-o
O marketing político da Ditadura Militar resumia-se a mensagem de que quem não estivesse satisfeito deveria mudar-se do Brasil. Mas eram os próprios militares que impunham os “convites” para os desafetos deixarem o país. Num rabo de foguete milhares de brasileiros pensantes foram exilados.


Comparações com o momento atual
Não se pode dizer que a possibilidade de uma intervenção militar no Brasil esteja totalmente afastada. O momento de instabilidade política, desde o início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), deixa essa margem de preocupação.


Jogando contra o patrimônio
Um fato interessante é que os internautas que apregoam nas redes sociais a volta dos militares ao poder seriam os primeiros prejudicados. Numa eventual ditadura, como se viu em 68, o primeiro ato é restringir o livre pensar e as manifestações públicas. As redes seriam censuradas.


Mar de lama
Outro fator preocupante são as denúncias seguidas de corrupção explícitas que assistimos. Atrás do Petrolão começam a pipocar outros casos de desvios de dinheiro público para interesses políticos inconfessáveis que geram essa instabilidade.


A lição não assimilada
A irresponsabilidade alguns grupos políticos brasileiros é chocante. Parece que se esqueceram de todo o sofrimento dos anos 60 e 70. Desviar valores absurdos de recursos públicos em detrimento de enriquecimento pessoal é criminoso.


As consequências do Golpe no Acre
O primeiro governador do Acre eleito pelo voto direto, José Augusto Araújo, em 62, foi quem mais sofreu com o Golpe. E consequentemente a sua família. A esposa, a ex-deputada federal Maria Lúcia e, os filhos ex-vereador Ricardo Araújo (PT) e a atual vice-governadora Nazaré Araújo (PT), foram testemunhas do drama.


Progresso social ceifado pelo conservadorismo
O professor de filosofia José Augusto permaneceu apenas um ano no governo. Mas iniciou uma serie de medidas que despertou o ódio dos conservadores. Implantou o método de ensino no Estado do educador Paulo Freire, promoveu a desapropriação dos seringais em favor dos seus moradores e a criou o Banco de Fomento Agrário do Acre, para ajudar os pequenos agricultores.


Depressão e morte de um liberal
José Augusto era um idealista. Assumiu o governo com apenas 32 anos de idade. Tinha planos progressistas para colocar o Estado no mapa produtivo do Brasil e gerar bem estar social. Mas foi um dos primeiros governadores destituídos pelo Golpe. Em seguida teve os seus direitos políticos cassados e morreu com apenas 40 anos de idade, em 71, amargando a dor dos sonhos desfeitos pela truculência ditatorial.


Palavra da herdeira política
Conversei com a vice Nazaré Araújo, que não escondeu a preocupação com o momento atual. Sobretudo, para quem viveu de perto o sofrimento dos “anos de chumbo” no Brasil. “A democracia é uma planta frágil que precisa ser cuidada,” diz ela.



Jogo perigoso
Nazaré comenta ainda sobre os perigos da intransigência política. “É preciso fortalecer e unir as instituições democráticas brasileiras. Vejo muita raiva manifestada nas redes sociais. Isso não se justifica. A saída para o momento político que vivemos é o de uma Reforma Política e não de um golpe,” afirmou.


Problemas da República
A vice-governadora do Acre acha um exagero jogar toda a culpa de um processo contraditório que envolve a corrupção em cima de um único partido. “Os problemas não foram geradas apenas pelo PT. Existem outros partidos que estão até mais comprometidos. Nos governos do PT houve a investigação dessas contradições que apontam também para várias outras gestões. Mas a apuração e purificação dessas máculas deixadas na nossa República só irão se consolidar com uma Reforma Política. O momento é para passar segurança às pessoas. É preciso maturidade para defender a democracia muito além das questões partidárias,” concluiu.


Uma história que não pode se repetir
Existe uma grande geração de brasileiros que não tem a menor ideia dos malefícios de uma ditadura. Quem não viveu aqueles anos de repressão pode achar que uma intervenção militar poderia consertar as coisas no Brasil. Mas quem disse que não houve corrupção durante os 20 anos de governos militares? Evidentemente se houve desmandos naquela época não poderiam ser divulgados com o férreo controle dos meios de comunicação. Cansei de ver jornais publicando receitas de bolo na primeira página depois de receberem a visita de censores. Portanto, a saída para o momento brasileiro é o de fortalecimento da democracia e das liberdades individuais através da criação de instrumentos que apurem e punam severamente os casos de corrupção. Uma nova aventura ditatorial iria piorar ainda mais a situação de milhões de brasileiros que sonham com a construção de uma Pátria mais justa capaz de gerar as oportunidades para o bem estar social de cada um de nós.


As opiniões expressadas em Colunas e Blogs não refletem necessariamente a opinião do Jornal. Todo conteúdo é de inteira responsabilidade de seus autores. Este conteúdo é publicado e autenticado diretamente Nelson Liano Jr.  Para falar com Nelson Liano Jr.  Use o e-mail : nelsonliano@hotmail.com
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