A partida mais difícil é sempre a próxima, aquela que a tabela marca para daqui a três ou quatro dias na sequência da trajetória do nosso time do coração. O jogo que passou não volta mais. Qualquer que tenha sido o resultado, já era. Mas o adversário seguinte, mesmo que seja uma daquelas “babas” federais, é preciso encará-lo como se fosse a seleção da Alemanha.
Nesse sentido é que eu, ao encontrar com o empresário Ezequias Açaí Sarado, torcedor fanático do Rio Branco, na noite de quinta-feira, no estacionamento do Supermercado Araújo (ele bate ponto no local todas as noites, inclusive naquelas em que o céu parece que vai desabar de tanta chuva), me deparei com o dito cujo com a maior cara de preocupação.
Como eu sabia que há muitos dias ele (Açaí Sarado) não dormia, assustado com a perspectiva de o Estrelão tomar uma goleada do Vasco da Gama carioca, na próxima quarta-feira (1º de abril), tratei logo de consolá-lo. Disse-lhe que o bicho pode não ser tão feio assim, que não se perde de véspera e que dentro de campo são onze contra onze… Essas coisas, enfim.
No meio da conversa, porém, o Açaí me confessou que a preocupação dele no momento não tinha nada a ver com o jogo do Rio Branco com o Vasco, pela Copa do Brasil. “Esse jogo ainda é no meio da próxima semana. Dá tempo para o time se preparar, armar um ferrolho… O que me preocupa de verdade é o jogo agora deste domingo”, disse-me ele.
Quedei-me, por alguns segundos, perplexo e mudo (ou mudo e perplexo, tanto faz). Em seguida pedi explicações ao Açaí, uma vez que o adversário de domingo é o Alto Acre, time que só marcou um pontinho em três jogos (perdeu para o Atlético por 5 a 2, perdeu para o Plácido de Castro por 1 a 0 e empatou com o Vasco em 3 a 3). Por que a preocupação?
O homem não se fez de rogado para desfiar os seus argumentos. E me disse ele que não se pode “passar o carro na frente dos bois”. “Antes do Vasco”, disse o Açaí Sarado, “o foco tem que ser o Alto Acre”. E além do mais, continuou, “o Vasco pode vir de salto alto, achando que já ganhou e coisa e tal. Mas o Alto Acre, não. O Alto Acre vai vir é soprando fogo”.
Disse-lhe, tentando ser definitivo, que a disparidade técnica entre Rio Branco e Alto Acre é tamanha que não havia nenhuma possibilidade de o Estrelão não vencer essa parada. Mas ele, cada vez mais ressabiado, me respondeu que as partidas consideradas “barbadas” são as mais perigosas, que o Papagaio da Fronteira tá se reforçando e que não iria ser fácil não.
Despedi-me do Açaí Sarado e afastei-me mergulhado em reflexões, tentando compreender o quanto a falta de fé, ante alguns maus resultados, pode encher de amargura e temor o coração de um torcedor. Ou é isso ou então é mesmo aquilo que eu disse lá no começo do texto sobre o próximo jogo ser sempre o mais difícil. Pode ser isso ou aquilo… Ou seria ambos?