Casada há um ano e três meses, Merita conta que a saudade do marido e a vontade de compartilhar o nascimento do bebê, a fez encarar a dura jornada que é sair do Haiti, cruzar o oceano – República Dominicana, Panamá, Equador, Peru – até chegar à fronteira de Brasiléia, distante 240 km da capital, e daqui partir rumo à Santa Catarina.
Merita desembarcou em Rio Branco na última segunda-feira, 16 de março. A reportagem do ac24horas perguntou a Merita, por meio do tradutor Sadrack Thermidor, que perigos e medos ela enfrentou até chegar ao Acre.
“Minha viagem correu tudo bem. Deus me trouxe em paz e não houve nenhum problema comigo, nem com o bebê”, disse ao segurar a Bíblia Sagrada.
Na reta final, Merita enfrenta o cansaço, dores nas pernas, inchaços e a possibilidade de dar a luz a qualquer momento. Os problemas não param por aí, com o parto previsto para o dia 20 de abril, a mãe foi impedida, após avaliação médica, de seguir viagem.
Merita, que é evangélica, disse que seu maior desejo é um futuro tranquilo para a filha. “Deus protege meu bebê! Sei que tudo sairá bem”, disse emocionada ao olhar a aliança no dedo, símbolo do matrimônio.
A reportagem perguntou à Merita o que ela tinha de enxoval para a chegada da filha. “…tenho um pedaço de lençol”, respondeu após um intervalo de silêncio.
Voluntária no abrigo, Nilza Cunha, que coordena os trabalhos sociais, relata que a situação da gestante tem comovido a coordenação do abrigo.
“A situação dessa mulher é de cortar o coração! Ela precisa de toda e qualquer ajuda nesse momento. O bebê não tem nada, pedimos a quem possa ajudar doando roupinhas usadas para chegada da criança. Seria muito importante um carrinho ou bebê conforto para que ela possa seguir viagem com a criança após alta médica. Isso não é luxo, pois a viagem é longa e muito cansativa. Seria muito bom se alguém pudesse doar. Sempre tem uma família que não está mais utilizando e seria muito útil para ela nesse momento”.
Nilza Cunha explica que diante da situação, a gestante foi instalada num quarto próximo a sala da coordenação para que pudesse receber atenção especial.
“Se alguém puder ajudar também à gestante seria muito bom. Ela precisa de um lençol para se cobrir e um travesseiro. Quem tiver um ventilador seria muito útil para que ela suporte o clima abafado do quarto. O povo acriano é muito solidário e acreditamos que Deus tocará o coração de muitos para ajudar essa mãe”.
Os interessados em ajudar, podem entregar as doações junto à equipe da coordenação do abrigo, na Chácara Aliança, na Estrada do Irineu Serra ou na recepção da Secretaria Estadual de Direitos Humanos (Sejudh).