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Que se esclareçam as coisas, não somos Dona Flor, não queremos dois maridos

Por
Roberto Vaz

Você não é eu, porque eu não sou você. Gostou da lógica? Sentiu a profundidade da argumentação, da junção de valiosas premissas para resultar em uma grande descoberta?


Foi nesse nível de concatenação, “estou muito longe dessa podridão, essa podridão está muito longe de mim” que o Governador do Acre saiu ontem a se defender de uma citação de Paulo Roberto Costa que o posiciona dentro de um dos privilegiados com os feitiços da sereia Petrobras.


Inteligente que é, sabe muito bem que isso não se constitui um juízo condenatório a sua pessoa, mas é suficiente para entender que essa autorização do STJ para que se investigue o evento citado trará um prejuízo enorme a sua imagem e quiçá a própria trajetória política, que julgo, pretende caminhar muito ainda.


O texto é horroroso, melodramático, diz nada com pouca coisa e semanticamente cafona. Começa com o jeitinho petista de se defender: “a tal Operação Lava Jato”. Dupla tentativa: desmerecer os trabalhos sérios que estão ocorrendo e que podem pôr em revista uma série de posições e contraposições íntimas de nossa forma de fazer política; e levar para o campo da subjetividade a apreciação dos sujeitos que ora possam estar envolvidos.


A parte central da mensagem é onde mais se revela algumas anomalias do nosso sistema político que precisam ser destruídas. Um marciano, aqui conosco, perguntaria por que a dita empreiteira doa recursos para um candidato de um estado que ela nunca terá qualquer relação comercial ou institucional? Excesso de bondade? Altruísmo a flor da pele? Lucros excessivos? Alto alinhamento ideológico? O marciano ficaria confuso.


Deve se pontuar que a respeitável aprovação do Tribunal Regional Eleitoral não blinda a operação de possíveis ulteriores investigação das origens dos recursos doados. Isso é claro e óbvio, mas as defesas que estão sendo apresentadas Brasil a fora para os brasileiros a dentro é essa: TER aprovou, não tem mais o que se falar.


Por fim, uma aula desnecessária de Direito Processual Penal, relatando procedimentos que imagino querer passar uma impressão arrojada aos mais desavisados. Assim como não se deve condenar ninguém nesse momento dos acontecimentos, também não se pode imaginar que o direito de alguém acessar a justiça contra alguém não condena também esse outro alguém (perdoem-me a cacofonia).


O tempo dirá! Amadureceremos socialmente, o Brasil necessita mudanças. E se antes tinha ideias idiotas sobre as formas e maneiras que elas possam acontecer, hoje tenho plena convicção de que nossas instituições fortes e sólidas, por mais serem passos pequenos, serão para frente e seguros. A sociedade não pode ficar com versões de nenhuma das partes. Que se esclareçam as coisas, não somos Dona Flor, não queremos dois maridos.


 


 


 


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Roberto Vaz

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