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Em disparada no mundo todo, dólar fecha a R$ 3,24

Por
Roberto Vaz

Moeda tem alta de 3% e vai ao maior patamar em 12 anos puxada pela migração de investimentos para os Estados Unidos e em meio a incertezas em relação ao Brasil

O dólar fechou, nesta sexta-feira, cotado a 3,24 reais, uma alta de quase 3%, em meio ao pessimismo com o cenário político e econômico brasileiro. Este é o maior patamar desde abril de 2003, ou seja, em quase 12 anos.


A forte oscilação é um movimento global nesta sexta-feira, com investidores precificando a subida dos juros nos Estados Unidos e o início da política de estímulo monetário na Europa. O euro também caiu ao menor valor em 12 anos em relação ao dólar. Contudo, no Brasil, a queda foi mais ampla.


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Para André Guilherme Pereira Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, o cenário e o clima são ruins, influenciados pelas tensões políticas. Contudo, o economista acha exagero dizer que investidores fogem em manada do país. “Não há fuga de capitais como vimos em outros períodos”, diz.


Gráfico Dólar(VEJA.com/VEJA.com)

Fontes do governo afirmaram, nesta sexta, que não haverá retirada de reservas internacionais para conter a disparada da moeda. Isso porque o Palácio do Planalto não acredita que o movimento se intensifique. A maior expectativa do mercado, contudo, é sobre a continuidade da intervenção do Banco Central no mercado cambial, por meio dos leilões de swap, ou seja, a venda de dólares no mercado futuro. Perfeito acredita que o BC não deverá prosseguir com o plano. “O câmbio está flutuando e tem que continuar. O câmbio faz parte do ajuste”, acredita, referindo-se ao “choque de realidade” que a economia brasileira vivencia neste início de mandato da presidente Dilma. “Acho que o BC vai agir via taxa de juros, para conter os ânimos e a inflação”, diz o economista.


A situação atual remete ao momento de instabilidade visto em 2003, no primeiro ano do governo Lula, quando o Banco Central teve de agir de maneira forte para conter a alta do dólar e impedir que ela impactasse de maneira irreversível a inflação. Diante do cenário de piora econômica, a Gradual alterou sua projeção para a taxa básica de juros, a Selic, de 13,50% para 14,50% este ano.


Para o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, as incertezas no mercado doméstico disseminaram o pessimismo e ajudaram a cristalizar a avaliação do mercado de que o Brasil deixou de ser um local muito atrativo para investimentos – e isso impactou diretamente a moeda americana. “Não temos noticias boas pela frente. A instabilidade política e a não progressão das reformas fiscais interferem e podem resultar em um downgrade lá na frente. A situação está caótica”, alerta.


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Outro fator que influenciou a disparada do dólar, na avaliação do economista Robert Wood, da Economist Intelligence Unit (EIU), é o fato de o Banco Central não ter detalhado, na última ata do Copom, como o governo pretende responder à forte desvalorização da moeda americana. Há a expectativa de que a subida de juros se intensifique, mas Wood acredita que o BC precisava ter mostrado mais clareza em relação a isso, tendo em vista as preocupações com o avanço inflacionário. “Esse fato enfraqueceu a credibilidade da política monetária, de certa forma”, afirma o economista.


Na ata, o BC, além de destacar que a inflação tende a permanecer elevada em 2015, também retirou do texto a avaliação de que os preços entrariam em “longo período de declínio” ainda este ano. Com isso, sugeriu que os resultados que conseguiu nos últimos meses no combate à inflação ‘não são suficientes’.


Gráfico Dólar(VEJA.com/VEJA.com)

 


 


 


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