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Após demissão, homem é proibido de ingressar na Casa Civil do Acre

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Você já parou para pensar no reflexo negativo de um boato ou fofoca na vida de uma pessoa? Contar fatos mentirosos, distorcidos ou ainda tirar conclusões precipitadas acerca de alguém ou de algo pode gerar consequências sérias. José Fernandes da Costa, 65 anos, teve seu nome envolto numa rede de boatos que tomaram sérias proporções.

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Pai de família, José Fernandes da Costa, trabalhava para a empresa prestadora de serviços, Edicol, que possui contratos com o Governo do Estado do Acre. Ele desempenhava a função de motorista, há dois anos, lotado na Casa Civil.


IMG_5916Demitido em dezembro do ano passado, José Fernandes foi surpreendido, alguns dias depois, com a notícia que sua demissão teria sido motivada pelo fato de estar portando arma de fogo nas dependências na Casa Civil. Sem acreditar, o idoso precisou ir ao antigo local de trabalho para averiguar a situação e acabou passando, segundo ele, pela situação mais vexatória e humilhante de sua vida.


“Eu não queria acreditar que pudesse ser verdade, pois sempre procurei ser um homem reto em tudo que faço. Nunca possui arma de fogo, tão pouco porte de arma. Nunca, sequer, pensei em usar um revolver, jamais! Mas pra ter certeza do que foram me contar na minha casa, acabei tomando a decisão de ir até lá e para minha surpresa fui barrado. Os agentes da guarita afirmaram que não poderiam permitir minha entrada em virtude de uma portaria expedida pelo chefe de segurança da Casa Civil. Embora eu tentasse descobrir o real motivo da proibição, eles se limitavam a dizer que apenas estavam cumprindo ordens. Após insistir em três ocasiões, consegui falar com a diretora da Casa Civil, senhora Solange, a fim de esclarecer quanto aos reais motivos, fui escoltado até sua sala, onde disse que a demissão seria em virtude do processo de transição, então decidi me retirar educadamente e agradeci a atenção. Mas as notícias que eu fui demitido por usar arma de fogo dentro da Casa Civil se espalharam e isso passou a incomodar, me entristecer e envergonhar. Na minha idade, passar por essa situação é algo humilhante demais. Aonde passei tenho boas referências profissionais, coloco meus dados à disposição de qualquer investigação para que possam constatar a veracidade do que digo. Sou evangélico há 22 anos e procuro ser honesto e sincero em tudo que faço, posso ter desagradado alguém lá no meu emprego, mas se o fiz não percebi, nem fui chamado atenção em nenhum momento”, desabafou.


A origem do boato

De acordo com José Fernandes da Costa, a primeira versão do boato chegou ao seu conhecimento por meio de uma servidora da Casa Civil, que indignada com a ‘falsa notícia’ que corria pelos corredores do órgão, teria ido à casa do mesmo contar sobre o ocorrido.


“Não vou citar o nome dela aqui porque poderá sofrer retaliações no setor de trabalho, mas ela me relatou que ouviu da boca do chefe do setor de transportes da Casa Civil, senhor José Zacarias da Silva, que eu havia sido demitido porque estava circulando com arma de fogo lá dentro e que tal ato não era admitido. Até ai não acreditei muito, mas dias depois fui parado na rua por outras três pessoas que relataram, indignadas, a mesma situação. A revolta é inevitável porque isso jamais ocorreu e nem sequer direito a defesa tive, nem sequer fui chamado a atenção de quem quer que fosse nesses dois anos de serviços prestados naquele órgão”, relatou emocionado.


Aparentando bastante nervosismo ao falar da situação, o idoso conta que o fato de ‘ sair do local de trabalho como uma pessoa perigosa’ tem gerado prejuízos não só à sua reputação, mas também emocionais.


“Eu nunca tive inimigos, não ando mal intencionado e ter saído de lá como uma pessoa perigosa me deixou muito abalado. Isso não consigo digerir, me incomoda e me deixa para baixo mesmo”.


Tal fato, fez com que a vítima decidisse abrir processo judicial contra o possível autor da inverdade, o chefe do setor de transporte da Casa Civil, apontado como autor do ‘boato’.


“Já o acionei criminalmente e também registrei um Boletim de ocorrência por constrangimento, calúnia e danos morais. Daqui uma semana será a audiência (03 de março)”.


Em nota, Casa Civil sai em defesa de servidor e diz que demissão se deu por adequação

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Casa Civil


A reportagem do ac24horas falou, por telefone, com o acusado da autoria do boato – que teria culminado com a demissão do motorista -, o servidor José Zacarias da Silva (chefe do setor de transporte da Casa Civil). Ao negar a autoria do boato, ele disse que teria muito a falar sobre o assunto e pediu que a entrevista fosse realizada na Casa Civil, porém horas depois a entrevista foi cancelada e a editoria do ac24horas foi informada que a versão sobre os fatos seriam enviadas por meio de uma nota oficial.


Leia a integra da nota:
“De acordo com informações obtidas junto ao Chefe do Setor de Transportes o referido colaborador era funcionário de uma empresa terceirizada que presta serviços à Casa Civil, sendo de inteira responsabilidade da empresa prestadora dos serviços a relação de admissão ou demissão de seus trabalhadores.


Outrossim, esclarece o Chefe do Transporte que a indicação de devolução do prestador de serviços à empresa terceirizada deveu-se à necessidade de adequação à nova estrutura do setor e às dificuldades de adaptação do prestador as rotinas do setor”.


Chefe de Segurança da Casa Civil confirma boato e diz que agiu preventivamente


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A fim de averiguar a procedência das afirmações de José Fernandes, a reportagem decidiu pedir esclarecimento junto ao setor de segurança da Casa Civil. O ac24horas foi recebido pelo chefe de Segurança da Casa Civil, Major Estephan Barbary, que numa conversa de quase uma hora explicou os procedimentos de segurança mediante a presença de José Fernandes da Costa.


Ao falar da proibição, Estephan Barbary confirmou a veracidade do ‘boato’ e explicou que a informação, verdadeira ou não, circulava nos corredores do órgão e foi acatada de forma preventiva.


“Alguns dias após as primeiras demissões de funcionários que prestam serviço à Casa Civil foi realizado o levantamento com nomes, pois em virtude de demissões pós- eleição podem ocorrer situações que envolvam riscos à segurança do governador, vice e demais. Esse procedimento é de praxe. Algumas dessas pessoas podem se sentir ‘prejudicada’ por ter perdido o emprego e ao tentar um contato mais próximo com o governador podem acabar se excedendo, o que é até normal por envolver emoções. A medida foi de fato adotada numa reunião de avaliação, onde acabou surgindo essa informação de que o senhor José Fernandes teria circulado nas dependências da Casa Civil armado. Embora se tratasse de um zunzunzum, qualquer fato semelhante acaba acendendo um alerta na segurança. De forma preventiva, imediatamente, foi dado à orientação que o mesmo só poderia entrar mediante agendamento ou audiência. Em caso de insistência por parte do mesmo, a recomendação dada foi para que os guardas me acionasse e, então, eu iria convidá-lo a esclarecer e citar os motivos da visita, bem como averiguar se o mesmo usava ou não arma de fogo”, explicou o Major.


Questionado do por que de não ter investigado a informação antes de adotar o procedimento, o chefe da segurança alegou que considerou desnecessário já que o mesmo havia sido demitido há quase um mês. Barbary afirmou que não expediu qualquer portaria ou ofício proibindo a entrada do ex-funcionário, mas que houve, sim, uma recomendação para limitar sua entrada em virtude do boato. Barbary destacou ainda que lamenta o constrangimento sofrido pelo ex-funcionário terceirizado e se desculpou pelo constrangimento que a medida gerou.


“Senhor José Fernandes não houve, de minha parte, a expedição de qualquer portaria ou ofício proibindo sua entrada. As vezes a informação repassada aos demais agentes nas trocas de plantões pode ter sido transmitida de forma distorcida. Me desculpe, quero que saiba que não houve a intenção de lhe constranger, mas diante do ‘boato’ era necessário adoção de medidas preventivas. Espero que o senhor entenda a minha situação, eu não sei de onde veio esse boato sobre o senhor, mas pelo que pude perceber, hoje, o senhor é um cidadão de bem, um homem integro, entendo sua revolta, mas preciso também que o senhor entenda o meu lado. Este momento é importante para que possamos esclarecer tudo isso e espero que possa ser superado”, concluiu.


Edicol afirma que ex-funcionário era exemplar e demissão foi por contenção de despesas


Por telefone, o proprietário da empresa Edicol, Francimar Oliveira, afirmou que tomou conhecimento dos boatos envolvendo o ex-funcionário recentemente e garantiu que a demissão não foi motivada pelo boato, mas, sim, por contenção de despesas.


“O motivo da demissão do senhor José Fernandes nada tem haver com esse boato. Eu só fiquei sabendo desse boato, recentemente, quando a coisa tomou uma dimensão maior. O que posso afirmar é que a empresa sofreu uma redução considerável nos contratos e isso nós obriga a demitir funcionários. Não é possível manter a folha, os cortes são inevitáveis!. Além da demissão do senhor José houveram também demissões de outros em vários setores das secretarias que tínhamos contrato. Esse período de demissão é comum no processo de transição de qualquer governo. No setor de transporte, que é o dele, houveram poucas demissões, já em outros foram muitas e infelizmente ele não teve a mesma sorte e acabou entrando nessa lista”, explicou o empresário.


Questionado quanto a conduta do ex-funcionário nos dois anos que prestou serviços, Francimar Oliveira afirmou que a empresa não tem nada a reclamar e que o mesmo sempre prestou um bom trabalho à empresa.


“Senhor José Fernandes sempre foi um funcionário exemplar e responsável. Não tem nada que desabone a moral dele. Inclusive foi dito que a empresa tinha interesse em contratá-lo novamente e o alocar em outro lugar, mas isso acabou não ocorrendo porque estamos, ainda, nesse impasse com relação a abertura de licitações. Enquanto não resolvermos essa questão a tendência é que ocorram novas demissões, pois a empresa obtém lucro pela quantidade de funcionários. Não é vantajoso pra gente demitir e, sim, contratar ou recontratar aqueles que prestaram um bom serviço, como é o caso dele”, explicou.


Ao finalizar, Francimar Oliveira destacou que a empresa Edicol preza pela integridade e pelo respeito aos funcionários. “Prezamos muito pelos direitos de nossos funcionários. Estamos sempre com tudo certinho. No caso do Senhor José, a empresa pagou todos os seus direitos trabalhista conforme prevê a Lei e dentro do prazo”, concluiu.


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