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Rio Acre marca maior nível dos últimos 45 anos na capital

Por
João Renato Jácome

Por: João Renato Jácome | Rio Branco – AC 


Imagem aérea do Bairro Base, às margens do rio Acre

O rio Acre, que banha parte do estado acriano, ultrapassou a marca histórica de 17,66 metros acima do nível normal, na madrugada desta segunda-feira, 2 de março, segundo informou a Defesa Civil do Estado. De acordo com a primeira medição, realizada às 7 horas, o nível estava em 17,78 metros, acima do nível de normalidade.


A marca que até então era considerada histórica, foi registrada no dia 14 de março de 1997, quando o manancial apresentou forte enchente, desabrigando 5.800 pessoas e atingindo outras 22 mil.


Em toda a capital acreana, pelo menos cinco mil pessoas estavam desabrigadas e outras 5.400 desalojadas, de acordo com o Boletim Técnico publicado às 23 horas deste domingo, dia 1º.


Chove forte nas cabeceiras da bacia do rio Acre, localizadas no sul do Peru, desde janeiro deste ano. A situação também é vivenciada nas cidades do Alto e Baixo Acre – onde fica a capital.


Sem trégua. Essa é a posição em que o rio Acre tem se mantido. O aumento considerável em menos de 24 horas demonstra a força das águas e faz a apresentação das próximas horas. No sábado, dia 28 de fevereiro, o manancial marcava, às 21 horas, nível de 17,21 metros.


Já neste domingo, a marcação do mesmo horário apresentou aumento de 41 centímetros. Às 21 horas, o rio marcava 17,62 metros. Faltavam cinco centímetros para o atingir da cota histórica.


Ainda na noite do domingo, a medição das 23h, realizada pelo Corpo de Bombeiros, apontou que o nível do Rio Acre já estava igual ao marcado em 1997. Faltava um centímetro para que um recorde foi batido e 2015 entrasse para a história como o ano do maior transbordo do rio Acre.


Nível do Rio Acre tem subido muito rapidamente na capital acriana

Por conta dos números apresentados a cada três horas, a Defesa Civil de Rio Branco ficou ainda mais preocupada com os demais bairros da cidade, cujas águas ainda não haviam atingido. Em face, resolve reduzir de três para uma hora o intervalo do monitoramento do rio Acre.


Segundo a prefeitura da capital, depois da forte chuva deste sábado, 28, o Riozinho do Rôla, principal afluente do rio Acre, elevou-se em 25 centímetros, isso entre 6 horas e 15 horas. Nas cabeceiras, o rio Acre segue baixando fortemente – e essa água está chegando a Rio Branco, provocando sua elevação.


Vale lembrar que em todo o momento, a Defesa Civil da capital acriana utiliza de todos os procedimentos disponíveis. São, segundo informado, cinco pluviômetros em áreas de risco.. Todo o trabalhado é acompanhado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (CEMADEN), do Ministério da Ciência e Tecnologia


MEDIDAS IMEDIATAS



A situação ficou ainda mais preocupante em Rio Branco, quando a marca de 17,09 metros fez com que as águas do manancial alagassem parte do Calçadão da Gameleira, um dos espaços mais visitados da capital acriana.


Por consequência, a Rua Eduardo Assmar, no Sítio Histórico, também precisou ser interditada pelo Departamento Estadual de Transito (Detran). Muita água tomou conta da rua em poucas horas.


Informações noticiadas pela Agência Acre, tratam que após avaliações técnicas realizadas pelos órgãos de trânsito do estado, município e Corpo de Bombeiros, a ponte Juscelino Kubitschek, conhecida popularmente como ponte metálica, foi interditada para pedestres e veículos na tarde deste domingo, 1º de março.


Segundo os órgão envolvidos no processo de decisão, a medida visa garantir segurança às pessoas que passavam pelo espaço. A subida das águas do rio Acre tem colocado em risco a travessia.


NOVOS ESPAÇOS



Os governos municipal e estadual já iniciaram a construção de boxes no quarto abrigo público para receber as famílias atingidas pela cheia do rio Acre. O novo abrigo é o ginásio do Serviço Social da Indústria (SESI), localizado no Conjunto Manoel Julião.


Na tarde deste domingo, 1º, o prefeito Marcus Viana, acompanhado da vice-governadora do Acre, Nazaré Araújo, estiveram no local realizando uma vistoria e analisando as condições para receber as famílias. A meta é de que pelo menos cem famílias sejam abrigadas neste espaço.


Além do Ginásio do Sesi, prefeitura e governo mantém abrigos montados no Parque de Exposições marechal Castelo Branco, no Sest Senat e também no Sesc Bosque. Iniciativas comunitárias para abrigar famílias estão acontecendo no bairro Comara e também na Sobral, no Escritório Sede da Regional.


DOAÇÕES




Segundo a prefeitura de Rio Branco, a ação “Rio Branco Amiga” continua entregando cestas básicas para as famílias, que mesmo atingidas pela cheia do Rio Acre, permanecem em casa e também garante o reforço alimentar das crianças, idosos e grávidas, que estão abrigadas no Parque de Exposições, com lanches da tarde.


No abrigo público montado pela prefeitura, as mães pegam leite e massa de mingau a cada três dias. Neste sábado, a coordenadora da Ação, primeira dama de Rio Branco, Gicélia Viana, levou alimentos para famílias do Bairro Airton Sena, na Regional da Baixada.


Cinco famílias estão alojadas numa igreja evangélica localizada na Rua Passo Fundo, e outras continuam nas residências.


SERVIÇO PÚBLICO



Em razão da cheia do rio Acre que já atingiu mais de 50 mil pessoas em todo o Acre, o governador Sebastião Viana e o prefeito de Rio Branco, Marcus Viana, decretaram ponto facultativo nas repartições públicas estaduais e municipais nos próximos dois dias 02 e 03, segunda-feira e terça-feira.


Uma nota oficial foi divulgada no início da noite de domingo, 1º , tornando pública a decisão. Ainda segundo informações, o Decreto Governamental pode ser prorrogado, a depender da situação do manancial.


“Nesta oportunidade, pedindo que as pessoas que não estejam no trabalho voluntário evitem sair de suas casas para as áreas centrais da cidade, haja vista que a mobilidade urbana está extremamente prejudicada na capital”, informa o documento assinados pelos dois governantes.


EDUCAÇÃO



O governo do estado decidiu suspender e prorrogar o calendário letivo das escolas públicas da rede gratuita de ensino. Mais de sete mil estudantes já estão com as aulas suspensas, o que prejudica o desenrolar do processo de aprendizagem dos estudantes matriculados. Ainda não há previsão de reinicio das atividades.



Segundo informou a Secretaria de Estado de Educação (SEE), diversas escolas da rede estadual estão com os serviços parados desde a última semana, período em que também se iniciaram oficialmente as aulas. Na zona rural e interior do estado, as aulas também já foram suspensas pelas coordenações de zoneamento.


Ainda de acordo com o órgão, duas escolas estão alagadas na capital: Escola Reinaldo Pereira, no Taquari e Escola Elias Mansour, no bairro 6 de Agosto. Ambas ficam localizadas no 2º Distrito da cidade, região mais plana do município. Ao todo, mais de 1.500 alunos estão sem puder ir às aulas.


COMUNIDADES PREJUDICADAS



Mais de 20 bairros sofre com a cheia do rio Acre, apenas em Rio Branco. São eles: Seis de Agosto, Adalberto Aragão, Aeroporto Velho ,Areal ,Airton Sena, Bahia Nova, Bahia Velha, Quinze, Baixa da Cadeia Velha, Baixa da Colina, Baixa da Habitasa, Base , Belo Jardim I, Belo Jardim II, Boa União, Boa Vista ,Bosque, Cadeia Velha, Centro, Cidade Nova, Comara, Jardim Tropical, Glória, Habitasa, João Eduardo I, Loteamento Praia do Amapá, Loteamento São Francisco, Mauri Sérgio, Morada do Sol, Palheiral,Pista,Preventório, Santa Inês, Santa Terezinha, Sobral,Taquari, Triângulo Novo, Triângulo Velho.


INTERIOR



Em Xapuri, o nível do manancial continua em queda. Eram, às 21h, 90 centímetros acima da cota de transbordamento da cidade, que foi marcada em 13,40 metros. Na cidade, o rio Acre marcava 14,50 metros, informou o Corpo de Bombeiros. Já na manhã de segunda-feira, o manancial estava marcando o mesmo nível.


No município, ações de limpeza e higienização de casas, repartições públicas e empresas, já começaram. Ainda existem cinco bairros submersos. Mais de 2.360 pessoas seguem no mapa dos atingidos pelo transbordo do rio.


Casa onde viveu Chico Mendes, sindicalista assassinado em 1988


Informações do Corpo de Bombeiros deram conta que quase 2.500 pessoas foram desalojadas pela cheia na cidade. Elas foram abrigadas em espaços administrados pela prefeitura da cidade. Essa é considerada a maior cheia de toda a história da “Princesinha do Acre”, que ficou com 90% de sua extensão debaixo d’água.


As informações das cidades de Brasiléia e Epitaciolândia, a 233 quilômetros da capital Rio Branco, localizadas na fronteira com a Bolívia, mostram que tem havido considerável diminuição de nível nas medições da Defesa Civil.


Na manhã deste domingo, 1º, a medição apontou marca de 6,02 metros, segundo o Corpo de Bombeiros. Mesmo assim, mais de 10 mil pessoas continuam sendo atingidas pela cheia. Na região, quase cinco mil populares precisaram ser alojadas em abrigos disponibilizados pelo poder público. Às 21 horas, o nível estava em 5,53 metros. Já às 6 horas, o manancial marcava dez centímetros a menos: 5,43 metros.


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