No Centro-Sul do Brasil, da virada do ano, ao presentemente – tempo de verão, e chuva –, mais uma vez, desde o inverno anterior, seca inclemente e intermitente, não dá trégua; maltrata a gente e dizima plantações/criações. Os reservatórios d’água que impulsionam as turbinas das hidrelétricas e abastecem megalópoles como São Paulo, SP, minguam assustadoramente – há risco crescente e iminente de apagões e racionamento.
No Acre e região, em tempo algum do passado, há registro de falta de chuva no “inverno”. No último “verão” nem faltou chuva; as pastagens se mantiveram ótimas; nesse período há friagens, mas jamais com ocorrência de geadas; e até mesmo escassa a chuva, as gramíneas, caso viçosas na mudança de estação, se consorciadas com leguminosas, se mantém exuberantes. Isso até nos solos mais secos e bem drenados (apropriados à agricultura mecanizada); que dirá nos mais úmidos, nos quais o lençol freático é menos profundo – só o orvalho mantém os campos excelentes. Mas, desde o final do século passado, desgraçadamente, não tem havido incentivo dos (des)governos à agricultura de grãos, sequer para o consumo de nossa pouco numerosa população/criação. O que não tem cabimento.
O governo Orleir Cameli (PFL) (1995-1998) se furtou bancar R$150.000,00, a que se comprometera, para bancar convênio a viabilizar participação na exportação de previsível “excedente” na produção de grãos no Acre, via hidrovia do Madeira, no terminal graneleiro – em Porto Velho, RO – do grupo Maggi, grande produtor de soja no mais distante Mato Grosso (pioneiro cultivo de soja no Acre motivou texto pioneiro: Um quarto de século depois plantar no Acre é trabalhar e produzir; jamais devastar! – ORB, maio/98). Cameli apoiou o (des)governo que o sucedeu, a demonizar a cultivar – na prática, a proibiu…
Desde meados do ano passado, é revoltante (e)leitor, ver em esquinas da Capital, o vergonhoso anúncio: “milho do Mato Grosso”. E o preço do precioso grão, nesse período, só subiu…
É ridículo, grotesco e estapafúrdio cogitar exportar proteínas animais de porcos, frangos, peixes etc. – se alimentam principalmente de milho e farelo de soja. É surrealismo imaginá-lo. Papo-furado. Pouco adianta a recente inauguração, com pompa e circunstância, com a presença do Ministro da Pesca, do mais moderno frigorífico de peixes do país no nosso Acre. É mais um elefante branco. Não se dinamiza a economia por decreto.
O complexo de psicultura é caso emblemático, escabroso e escandaloso, de corrupção (Um Bom Fim para o Brasil II – ac24horas). Tem faltado aos políticos no poder no Acre, representantes do povo… – o poder é do povo e, em seu nome há de ser exercido!!! – caráter reto.
No domingo de Carnaval, na Capital, a comer pastel, no mercado municipal, falava-se aos presentes do descalabro do (des)governo do Acre. No momento chegava ao local tio materno do governador, que, teve o desplante de modo petulante e pedante, de dizer: para a sua família, o governo era ótimo… Talvez, quisesse calar o autor. O tiro saiu pela culatra. O governo não deve ser de família, dos amigos, “sócios”, etc., mas da sociedade; dos que votam nele, dos que não votam; e dos que o criticam, como o autor, e que antidemocraticamente são perseguidos. Os presentes assentiam. Ele se calou…
O papo continuou. No pobre Acre, da economia do contra cheque, não tem nenhum Macdonald… A marginalidade na Capital, inacreditável e intolerável – os terrenos em condomínio fechado, recém lançado, na estrada do Aeroporto, perto da localidade, Custódio Freire, vendidos num final de semana. O cidadão sitiado! E contou “causos” inaceitáveis, como o do marido de Marina Silva flagrado em corrupção (O debate ambiental-eleitoral no Brasil – ac24horas),“assessor especial” do governador, etc. Ele se mandou…
Não ouviu “causos” dantescos de um “jornalista”, àquele dia, em “jornal” da Capital, em “artigo”: Plano de (des)governo. É fora do contexto – o próximo texto.
(*) Ildefonso de Sousa Menezes, produtor rural, 65; 41 anos no Acre. É Advogado do Brasil (filiado ao PMBD, em 2001)
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